domingo, 10 de maio de 2009

A experiência do Dr. Marcos - Parte 1

Saudações, Pessoal.
Hoje venho lhes trazer a 1ª parte de um conto de suspense que estou escrevendo e pretendo postar semanalmente (aproveitando os fins de semana, quando minha criatividade fica estéril.)
Espero que gostem!


A experiência do Dr. Marcos

Marcos parou ofegante no beco escuro, suando. A corrida desesperada até ali foi um castigo para o seu corpo sedentário. Estava tenso. Sabia que não poderia ficar ali para sempre, e logo aquela criatura o alcançaria.

A rua estava deserta e fria, o medo da morte iminente o tomou por completo. Tentava desesperadamente silenciar seu pânico, mas era em vão.

Ouviu passos ao longe, ecoando. Sentiu seu coração parar por um ou dois segundos. Suava frio. Os passos se aproximavam lentamente; sabia que a coisa estava à sua procura. Precisava pensar em uma forma de fugir dali, sua vida dependia disso. Avaliou suas possibilidades; Olhou ao redor. A antiga rua daquela região esquecida era estreita e escura, um único poste de luz ao longe mal iluminava o lugar. Havia uma leve neblina, o que lhe poderia ser uma pequena vantagem para escapar.

Os passos estavam cada vez mais próximos; ouviu um grito apavorado de um gato. Ao longe, cães latiam alto. Estava só. Só com a besta, ninguém para pedir socorro. Pensou que, se morresse ali, ninguém ficaria sabendo. Lembrou-se por um breve momento de Elisa, sua ex-esposa, e de como foram maravilhosos aqueles dias em que estivera a seu lado... Maldita decisão de mudar o laboratório para aquele lugar!


Um grito rouco e agudo partiu de onde vinham os passos e percorreu sua espinha, arrepiando-lhe os cabelos da nuca. O ruído assemelhava-se a um uivar de um velho lobo moribundo. Marcos tremia bastante e batia os dentes, sem controle sobre seu corpo. Arriscou dar uma espiada discreta. Aproximou os olhos do fim da parede e olhou para a rua.

Contemplava agora a visão mais terrível de sua vida: Uma criatura disforme, meio humana e meio animal estava parada, agachada próxima a uma lata de lixo, procurando algo. Tinha alguns poucos pêlos muito compridos e negros ao longo dos membros e dentes protuberantes que lhe saíam à boca. Seu corpo era curvado para frente, sua pele era escura e seus olhos, escarlates. De seus finos lábios escorria uma espessa camada de sangue, que pertencera a um ser humano.


Marcos prendeu a respiração. Era sua chance de escapar. Aguardou pelo momento certo, certificando-se que a criatura não se viraria para trás. Silenciosamente, abandonou o lugar que estava, rumo ao próximo beco, um pouco mais distante.

Só liberou o ar dos pulmões após conseguir chegar lá, com as pernas trêmulas. O lugar tinha cheiro de urina velha de rato. Sentiu um grande alívio por conseguir se afastar da criatura sem ser notado. Tinha agora uma esperança de sair dali com vida.

Espiou mais uma vez pela parede; a figura ainda estava lá, revirando o lixo. Aproveitou para arrumar seus pensamentos. Péssima decisão. Não conseguia tirar da cabeça aquela imagem trágica do frasco de vidro contendo o vírus estilhaçado no chão de seu laboratório e a inquietação dos animais em suas jaulas, enquanto a bizarra mutação acontecia; A fúria da criatura ao se libertar da jaula e seu cruel ataque à jovem Mônica.


Parou por um segundo. Sentia uma forte culpa, mas sabia que não era hora para isso. Tentou afastar esses pensamentos e buscar uma forma de fugir. Se saísse correndo, a besta o alcançaria. Precisava de um plano, mas suas opções estavam se esgotando. Mais um grunhido agudo ao longe. Tinha que sair dali agora. Examinou os bolsos de seu jaleco, então encardido, em busca de qualquer coisa que pudesse ajudar. Encontrou seu pequeno revólver previamente carregado. Havia se esquecido completamente da arma durante a fuga. Soltou um suspiro de alívio, imaginando que estaria a salvo, agora que podia pôr um fim a tudo isso.

Hesitou por um instante ao pega-la. Lembrou-se de como tudo aquilo aconteceu, de todos os sacrifícios e frustrações que sofreu até aquele ponto. Não, definitivamente não poderia destruir a sua única forma de recuperar tudo o que perdera na vida, sua única forma de ser reconhecido e respeitado. Guardou a arma no bolso e pôs-se a pensar em outra forma de fuga.

Os passos recomeçaram a se aproximar, agora mais rapidamente. Marcos estava encurralado, sentia as portas se fechando ao seu redor. Não tinha outra opção, em breve a criatura o encontraria. Sacou seu revólver e espiou mais uma vez pelo canto da parede. De perto, a coisa era enorme; andava ereta agora, ligeiramente curvada nos ombros. Parecia ter mais de 2m. O doutor deu-se conta que sua arma não seria capaz de deter o monstro, mesmo que quisesse.

Sentiu-se novamente impotente e voltou a se desesperar. Quando a criatura já estava próxima o suficiente para que ele sentisse seu hálito quente, fechou os olhos e disparou para cima duas vezes. Mais um grito agudo seguido de passos apressados.

Ficou imóvel naquela posição pelo que pareceram horas, de olhos fechados. Estava gelado. Alguns instantes depois percebera que tinha prendido a respiração e agora respirava ofegante. Definitivamente não tinha mais idade para isso. Reinava um silêncio sepulcral. Hesitou por um momento e arriscou-se a dar uma espiada. Seu corpo tremia. Cautelosamente, olhou a rua e, para seu espanto, estava deserta. Era sua chance!

Atirou-se a correr, com a arma empunhada, sentindo o sabor de encarar a morte de frente e sair vitorioso. Pelo menos, é o que pensava...

Até semana que vem com a parte 2!

Abraços,

Jack Waters

Um comentário:

  1. porra cara, gostei pra caramba da primeira parte... vou esperar ansioso pela segunda =]
    mando bem jack!

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