sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Os Sinos Dourados de Natal

Finalmente chegou o fim do ano. Depois de 11 longos meses de trabalho, estudo, frustrações, alegrias, vitórias e derrotas chega o mês de dezembro, famoso por sua importância na cultura cristã. O clima de festas, encontros familiares, viagens, presentes e tudo o mais que faz a alegria dos comerciantes e as dívidas do cidadão comum tem um nome: Natal.

O dia 25 de dezembro é marcado para algumas crenças como o dia do nascimento de Cristo. Este dia representa para os cristãos um sinônimo de paz, amor e fraternidade entre os homens. Seguindo a cultura ocidental, é costume presentear as pessoas que gostamos e estarmos reunidos com a familía e os amigos, sob uma efêmera atmosfera afetiva.

Durante este período, aproveitando-se da tradição das compras natalinas, muitas lojas costumam fazer grandes promoções que enchem os olhos até dos menos ávidos por consumo.Propagandas de brinquedos, roupas, perfumes, viagens e diversos outros objetos de desejo pipocam em todos os meios de comunicação em massa e a demanda aumenta mais e mais.É uma correria só.Desde shoppings centers até camelôs, tudo se encontra abarrotado de consumidores perdidos em meio a correria para conseguir comprar o melhor presente pelo menor preço.

Em meio a esse mata-mata, onde cada um corre atrás de seus interesses, o significado genuinamente cristão desta data especial acaba sendo esquecido, dando lugar a uma tática de mercado que funciona bem.A idéia é simples: consuma o máximo que puder e só se preocupe com as dívidas no ano que vem.
Afinal, o natal se tornou sinônimo de presentes caros e bonitos. Quanto mais presentes, melhor será o seu natal, e ninguém gosta de ganhar "porcarias"...

Também é a época das famosas campanhas de solidariedade. Muitos voluntários se unem para conseguir doações de alimentos, roupas e brinquedos para os menos afortunados.Famosos aparecem na televisão pedindo ajuda para dar um natal mais digno a milhares de famílias carentes, que provavelmente nunca vão conhecer pessoalmente...
Há quem diga que o "espírito natalino" inspira muitos a se sensibilizarem com a desgraça alheia e fazerem a sua parte por um mundo melhor, pelo menos 1 dia por ano. Particularmente acredito que isso seja apenas mais uma esmola...

Vamos deixar de lado por enquanto o ritual dos adultos no natal e pensar nas crianças. Sim, as inocentes crianças cristãs que acreditam na figura de Papai Noel, um velho bondoso e barrigudo com uma barba branca e roupa vermelha (Obs.: Sabiam que a cor vermelha da roupa do papai Noel foi criada pela Coca cola?Antigamente o papai noel era retratado com uma roupa azul). Nos dias que antecedem o natal, muitas crianças tem o hábito trazido por seus pais de escreverem a famosa "cartinha ao papai noel", onde, como de costume, costumam encher-se de orgulho ao contar ao papai noel sobre como se comportaram bem durante o ano, tiraram boas notas na escola, não mais atiraram pedras no gato do vizinho, não prenderam seus irmãozinhos dentro do armário, etc. e usarem sua bondade como pretexto para pedirem presentes ao bom velhinho.

A lógica novamente é simples: Seja bonzinho e será recompensado no fim do ano. Desobedeça seus pais e ficará sem presente de natal, porque papai noel não gosta de crianças desobedientes (nem judias,budistas,muçulmanas...mas isso não vem ao caso). Desde cedo essas crianças aprendem a seguir valores sociais visando uma recompensa.

Uma coisa que eu, em minha humilde opinião acredito é que se você deseja ser respeitado, antes de tudo você tem que respeitar. Não tenho filhos, mas creio que se os pais almejam que seus filhos lhe obedeçam e desenvolvam valores morais, devem começar dando o exemplo. Infelizmente o que se vê são pais ausentes que muitas vezes precisam apelar à religião e aos bens materiais para conquistar os filhos, utilizando-se de promessas de grandes recompensas para suas boas ações.

Voltando ao dia de natal. O grande dia aguardado por tanto tempo finalmente chegou! A família reunida na casa da vovó, os filmes e desenhos natalinos passando sem parar na televisão, os entes queridos sentados à farta mesa da ceia de natal, muitas guloseimas e alegria.À meia-noite do dia 25, músicas são cantadas, orações feitas, velas acesas e muitos abraços e apertos mão são trocados.

Sim, estão todos comemorando a paz, o amor e a união.Estas, que até algumas horas atrás, quando todos lutavam por seus presentes de natal, inexistiam agora aparecem de súbito e,provavelmente, no dia seguinte ninguém mais se lembrará dessas vazias palavras, que se tornam um mero enfeite natalino em meio a bonequinhos de papai noel, pinheiros de plástico e luzes coloridas.

Agora é hora de levantar, respirar fundo e continuar levando a vida como sempre. No caso das crianças, é hora de abrir os presentes e mostrar aos seus amigos o que ganharam.

O que acontece com todas as palavras bonitas que disseram na noite anterior e com a solidariedade para com os mais pobres ninguém sabe. Talvez fiquem guardadas na caixa de enfeites até o próximo natal...



Finalizando, gostaria de compartilhar um frase que vi pixada num muro de uma capital no ano passado:
"Papai Noel matou Jesus"


OBS: Feito por Jack (Novo membro da Equipe) (Obrigado)

sábado, 24 de novembro de 2007

Soletariamente Coletivos

Hoje, retornando dum modorrento curso de matemática, me dei a devaneios. Deu-se uns minutinhos, e lá estava eu, com meus pensamentinhos amadurecidos, frutas da árvore do pensar baldiano, mas com grande importância. Minhas frutas. E as frutas tratavam dum assunto com um sabor bem cáustico à atualidade – a solidão.

Quem aqui nunca se viu pensando em quão bom seria ter uma pessoa para conversar? Àqueles que responderam sim, digo-lhes que o sentimento não é raro. Por maior que seja nosso alcance comunicativo, sentimos falta do essencial. Do aprofundamento pessoal e emocional necessário ao homem, e, escasso na atualidade.

O complexo paradoxo advém dum simples fato. O paradigma contemporâneo não dá razão ao emocional do homem. Erigido sobre o sonho burgo-liberal, eleva a patamares gigantescos o capital e a matéria, secundarizando as emoções. Carros, belos rostos e roupas são elementos de maior valor hoje do que o próprio homem.

O nascimento deste insípido estado poderá ser encontrado na derrocada da antiga URSS onde o maior rival do capitalismo sucumbiu. Assim, este, tendo por findo o mundo bipolar, se veria irrestrito, senão por um elemento, o elemento humano. O proletariado gigantesco que agora ficava à disposição das grandes empresas, multinacionais e bancos.

Irônico que o proletariado – a massa humana – sempre foi uma grande dor de cabeça à burguesia, mas esta nunca existiria sem aquela. Era visível, seria necessário uma forma de controle. Surgiam os sonhos capitalistas; os carros, as casas próprias, os shoppings..

Apesar disso, a criação de sonhos não ocorreu de forma natural. Bombardeados com essas necessidades tão desnecessárias a nós, às vezes sentimos uma inaturalidade, que, recrudescida, nos leva a um denso mal estar. O sentimento de solidão nasce.

Um medicamento contra a vil doença é o contato humano. Sair com os amigos, falar sobre tudo quanto possível, evitar o apartamento social causado pelas meios de comunicação. Perceber, enfim, quão natural e gostosa é uma boa conversa, quando pararmos de nos ater às imposições sociais e culturais que nos rodeiam, aí sim nos tornaremos elementos saudáveis.

Quando o homem passar a agir naturalmente, deixando de lado as imposições, não encontrará mais estados patológicos. Sejamos nós mesmos – por mais ninguém além de nós! Afinal, o egoísmo não é o sentimento que mais recrudesceu a coletividade através dos anos? Sigamo-lo!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A Maré da Ignorância

Após o Tsunami, novas ondas chegaram a mídia, agora com um pouco mais de intelectualismo, ou pelo menos os adeptos desse “grupo” acreditam nisso, um grupo que se afirma diferente, estive pesquisando sobre o fanatismo das religiões, e o que mais me assustou não foram as Igrejas Protestantes ou as Ortodoxas, mas sim os Ateus, parece surgir uma nova “Religião”, parece uma antítese mas é a crua verdade, apesar da semelhança de ser algo totalmente oposto, como já citado, essa nova vertente religiosa se diz única, diferente, e até mesma verdadeira, as suas mentes confusas se perdem no meio do motivo que é certo mas seguem o caminho errado.

Esses pseudo-intelectuais também possuem uma “espécie” de Deus, que eles chamam de vários nomes: verdade, realidade, anti-abstrato, e por último “Ciência”, a ciência que esses nobres adeptos absorvem é algo totalmente fora da razão, confundem o sentido da Ciência, se perdem no meio de paradigmas mal interpretados, de teorias que afirmam ser leis, e o mais errado: Eles crêem que a Ciência busca uma resposta para sua pergunta, o que de fato sabemos que é uma visão errada, pois a Ciência não é feita para responder perguntas, muito menos de cunho religioso, talvez a leitura do texto “A Ciência como vocação” de Max Weber possa ajudá-los na jornada de seu pseudo-Deus.

O ser humano vai sempre dotar de sentido o que está em sua volta, e por isso, a margem de erro é grande, um lápis, é sim um lápis, mas vamos definir melhor, qual a função do lápis? O que ele pode trazer para nós? E as vezes os problemas se tornam as perguntas, ou até mesmo as respostas que encontramos, a pergunta errada leva a uma resposta não coerente, no texto “A História tem um sentido?” de Remo Bodei vai tentar demonstrar exatamente isso, que a dotação de sentido que o ser humano sente e a necessidade de colocar em prática, ela pode te dar certeza sobre o que não é real, e dificuldade de se viver sem um sentido, e então acabamos fugindo para áreas que nos respondam as perguntas que temos e que tenhamos então um sentido, para o que desejamos. Essa fuga de nós mesmos, tanto indo para o lado religioso ou encostando ao lado científico faz com que ocorra um choque mental que o ser pensante não seja tão “pensante” assim, e entre em um abismo profundo.

Em uma cadeia de detenção máxima, existia um senhor chamado Rosso, esse homem foi acusado de matar prostitutas, e ele esperava na cadeia enquanto não saía a decisão do Juiz, esse homem vivia louco, quebrava seus próprios dentes no ferro da grade de sua cela, deitava e se debatia, e gritava palavras sem nexo, esse homem não teve um dia calmo depois que entrou naquela cela pequena, na cadeia. O Homem então, um dia foi chamado para receber finalmente sua pena, pingos de suor, o homem-água, depois de horas, ele ouve:

– Senhor Rosso, está sujeito a pena de morte.

Em um instante, o homem olha para os lados calmamente e se pode ter a certeza de que seu alívio chegou, sim, ele agora possuía sentido, sua vida tinha sentido, e o homem não consegue viver sem dotar de sentido o que faz parte dele, seja o que está o rodeando ou dentro dele mesmo, o assassino esperou a morte chegar, e morreu com aceitação.

Essa estória tenta passar a necessidade do ser humano em viver colocando sentido em tudo que o cerca. Toda essa preocupação de dotação de sentido, é o que colocam os Ateus e os Religiosos no mesmo “patamar”, não que todos os Ateus sejam fanáticos pela ciência que eles criaram (pois não existe uma ciência que tem como fundamento responder perguntas de cunho religioso), mas a maioria dos Ateus quando vão argumentar contra a Religião, tentam demonstrar o lado científico como: A verdade.

E o meu medo, além de ser um grupo pseudo-intelectual que está se expandindo, é que a ciência é danificada com isso, pois muitos Ateus se consideram Historiadores, pois “falam”, afirmam fatos inexistentes, sendo que nada sabem do que dizem, são engenheiros afirmando que no século “Y” ocorreu isso e aquilo e por isso é assim hoje…, e cada vez mais, o medo persegue a minha alma e a de outros Historiadores, por isso, surfistas tomem cuidado, a descrença também é um Deus…