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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Bill Nye, o garoto da ciência

Quem foi criança nos anos 90 deve se lembrar de um célebre programa educativo, chamado O mundo de Beakman, em que um cientista maluco, junto com seus auxiliares, explicava como funcionam vários fenômenos científicos e objetos do dia-a-dia de uma maneira simples e bem humorada. pois bem, o programa Bill Nye - the science guy também segue os mesmos moldes, porém mais focado na ciência em si. De maneira clara e divertida, ele apresenta conhecimentos científicos e gera debates em torno deles, instigando ao raciocínio crítico.

O programa é muito bom, o que me rendeu certo espanto ao ver que não havia nenhum material dele legendado em português no youtube. Aproveitando o pouquinho de tempo que estou tendo essa semana, resolvi eu mesmo legendar alguns vídeos (mais curtos) do programa do Bill e já estou trabalhando em um episódio inteiro, que em breve disponibilizarei. Enquanto isso, recomendo a todos os amantes e simaptizantes da ciência os videos a seguir:



















Abraços,

Jack Waters

domingo, 1 de novembro de 2009

Estamos todos conectados - Sinfonia da Ciência

Este vídeo é para os amantes dos astros e da música. Uma admirável compilação musical de documentários de cientistas renomados como Carl Sagan e Richard Feynman, que "cantam" as belezas do universo e de nós mesmos. Vale a pena ser assistido:




Segue a letra e a tradução:

Neil deGrasse Tyson:

We are all connected;
To each other, biologically
To the earth, chemically
To the rest of the universe atomically

Richard Feynman:

I think nature's imagination
Is so much greater than man's
She's never going to let us relax

Carl Sagan:

We live in an in-between universe
Where things change all right
But according to patterns, rules,
Or as we call them, laws of nature

Bill Nye:

I'm this guy standing on a planet
Really I'm just a speck
Compared with a star, the planet is just another speck
To think about all of this
To think about the vast emptiness of space
There's billions and billions of stars
Billions and billions of specks

Carl Sagan:

The beauty of a living thing is not the atoms that go into it
But the way those atoms are put together
The cosmos is also within us
We're made of star stuff
We are a way for the cosmos to know itself

Across the sea of space
The stars are other suns
We have traveled this way before
And there is much to be learned

I find it elevating and exhilarating
To discover that we live in a universe
Which permits the evolution of molecular machines
As intricate and subtle as we

Neil deGrasse Tyson:

I know that the molecules in my body are traceable
To phenomena in the cosmos
That makes me want to grab people in the street
And say, have you heard this??

(Richard Feynman on hand drums and chanting)

Richard Feynman:

There's this tremendous mess
Of waves all over in space
Which is the light bouncing around the room
And going from one thing to the other

And it's all really there
But you gotta stop and think about it
About the complexity to really get the pleasure
And it's all really there
The inconceivable nature of nature

Tradução

Neil deGrasse Tyson:

Estamos todos conectados;
Aos outros, biologicamente
À Terra, quimicamente;
Ao resto do universo, atomicamente

Richard Feynman:

Eu penso que a imaginação da natureza
É muito maior que a do homem
Ela nunca vai nos deixar relaxar

Carl Sagan:

Vivemos no meio de um universo
Onde as coisas mudam perfeitamente
Mas de acordo com padrões, regras,
Ou, como nós as chamamos, leis da natureza

Bill Nye:

Eu sou um cara em um planeta
Realmente, eu sou apenas um grão
Comparado com uma estrela. O planeta é apenas mais um grão
Pensar sobre tudo isso
Pensar sobre o imenso vazio do espaço
Existem bilhões e bilhões de estrelas
Bilhões e bilhões de grãos

Carl Sagan:

A beleza de um ser vivo não está nos átomos que o compõem
Mas na forma como estes átomos estão organizados
O cosmos também está dentro de nós
Somos feitos de poeira das estrelas
Somos uma maneira do cosmos conhecer a si mesmo

Através do mar do espaço
As estrelas são outros sóis
Nós já viajamos por este caminho antes
E ainda há muito a aprender

Eu acho engrandecedor e emocionante
Descobrir que nós vivemos em um universo
Que permite a evolução de máquinas moleculares
Tão complicadas e sutis como nós

Neil deGrasse Tyson:

Eu sei que as moléculas no meu corpo estão relacionadas
Aos fenômenos do cosmos
O que me faz querer agarrar as pessoas na rua
E dizer: Você ouviu isso??

Richard Feynman:

Existe essa bagunça tremenda
De ondas em todo o espaço
Que é a luz saltando ao redor da sala
E indo de uma coisa para outra

E tudo está realmente lá
Mas você tem que parar e pensar a respeito
Sobre a complexidade, para realmente sentir o prazer
E tudo está realmente lá
A inconcebível natureza da natureza

(Tradução: Jack Waters)


Abraços,

Jack Waters


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Como as coisas funcionam?

Para todos aqueles que são pesquisadores por natureza e querem saber como tudo funciona, este site é uma dica quente.

Uma verdadeira enciclopédia virtual, que mostra em termos simples como funcionam os objetos que usamos e vemos no dia-a-dia, os conceitos científicos, os fenômenos da natureza, o corpo humano e as doenças, enfim, de tudo que a imaginação permitir. Basta digitar a palavra-chave e se aventurar pelo conhecimento.

Segue o link:

Comotudofunciona?

Abraços,

Jack Waters

domingo, 12 de julho de 2009

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 4

Ufa, depois de 4 semanas, finalmente chegamos ao fim de nossa série, que explica o bê-á-bá da Teoria da evolução. Este artigo é apenas uma base para se começar a estudar esta elegante teoria. Quem quiser se aprofundar no assunto, recomendo que busquem em livros, em vídeos no youtube e sites na internet que costumam ser excelentes fontes de precioso conhecimento.

Sem mais delongas, apresento-lhes a última parte(que mostra como ainda cometemos muitos erros no dia-a-dia ao falar sobre a evolução):

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 4

As evidências da evolução

Existem toneladas de evidências que sustentam a teoria da evolução. As mais importantes são os chamados fósseis transicionais , ou seja, restos petrificados de seres vivos que eram um intermediário entre 2 espécies. Por exemplo, os ossos de uma girafa que não eram nem tão grande quanto as atuais, nem tão pequena quanto as antigas, mas um meio caminho entre as duas. Isso comprova que houve uma mudança lenta e gradual na espécie.


Outra evidência está no campo da genética. Quando se descobriu o DNA em meados do século XX, alguns cientistas temiam que isso pudessem derrubar a teoria da evolução segundo Darwin, mas, ao contrário, só veio para reforça-la. Isso porque ficou comprovado que pequenas mutações(que Darwin não sabia explicar) ocorriam na estrutura molecular dos seres vivos, dando-lhes características novas que poderiam ser selecionadas ou descartadas pelo meio.

Erros comuns

Existem muitas citações errôneas relacionadas à evolução por aí. Procurarei esclarecer alguns desses pontos:

1) O homem veio do macaco

Essa é a mais comum de todas. O homem não veio do macaco, apenas compartilhamos um ancestral em comum. A teoria mais aceita é a de que, em um ponto no passado, essa espécie, que habitava as árvores, se dividiu em 2 grupos: um grupo permaneceu nas árvores, dando origem à atual variedade de macacos e o outro grupo resolveu descer das árvores para explorar o mundo. Esse segundo grupo se isolou geograficamente do primeiro, tendo, portanto, necessidades diferentes e ambientes diferentes. Com o tempo aprendeu a manejar e produzir ferramentas, a andar sobre 2 pernas em vez de 4 (homo erectus) e por aí vai, seguindo a linha dos homos até o atual homo sapiens.

2) Se os humanos vieram dos macacos, por que ainda existem macacos?

Novamente, os humanos não vieram dos macacos. Mas, mesmo que tivéssemos descendido deles, essa pergunta está equivocada em seu princípio por considerar a evolução como um processo linear, em que uma espécie surge, dá origem à próxima e desaparece. Não é assim que a evolução funciona. Como disse anteriormente, a melhor maneira de se visualizar a evolução é como uma grande árvore, com galhos se ramificando e formando novas espécies, mas sem necessariamente extinguir a inicial.

3) O dente siso, as unhas e o cabelo estão sumindo do nosso corpo, porque não necessitamos mais deles

Um erro muito repetido por profissionais na área da odontologia e pela sabedoria popular. É comum ainda hoje pessoas acreditarem de certa forma na teoria do uso e do desuso de Lamarck, mesmos em conhecê-la. Apesar de comum, está incorreto. Esta teoria já foi derrubada há 2 séculos. Nossos dentes não estão sumindo porque não os usamos, nem nosso cabelo e unhas.

4) A teoria da evolução é apenas isso, uma teoria

Existe uma diferença de conceitos para “teoria”. Em ciência, uma teoria é uma hipótese que foi testada e repetida diversas vezes, que possui várias evidências a seu favor e é muito plausível de ser verdadeira. No popular, uma teoria é algo que simplesmente alguém pensou e acha que está certo. A teoria da evolução já é um fato científico que sobreviveu a 200 anos de inúmeros testes e experimentos que tentaram derruba-la e, ao contrário, só a reafirmaram, e é a melhor explicação que temos até agora para a origem, a complexidade e a variedade das espécies.

5) Os ratos, os insetos e outras pragas estão criando resistência aos venenos que usamos

Novamente, uma citação Lamarckista. O que acontece, na verdade, é que temos um ambiente com um grupo de ratos que competem entre si por alimento. Alguns desses ratos têm uma resistência natural ao veneno(uma mutação que lhes deu essa característica). Quando jogamos o veneno no local onde esses ratos estão, estamos selecionando os ratos que são imunes ao veneno. Se tínhamos, inicialmente, uma casa com 100 ratos, sendo 94 vulneráveis ao veneno e 6 imunes a ele, agora temos uma casa com apenas 6 ratos que sobreviveram ao veneno, com todos os alimentos disponíveis para eles. Esses 6 ratos vão se reproduzir e gerar mais dezenas de ratos, todos imunes ao veneno. Por isso que nossos venenos funcionam cada vez menos. Esta é uma forma de seleção artificial.

6) Não existem fósseis transicionais

Sim, existem, às toneladas. Evidentemente nem todos foram achados, pois são inúmeros e ainda não escavamos todo o planeta atrás deles. Mas os que foram encontrados já comprovam a veracidade da teoria.


Qualquer dúvida sobre o texto, postem nos comentários e eu ficarei feliz em responder.

Abraços,

Jack Waters

domingo, 5 de julho de 2009

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 3

Saudações, pessoal. Esta é a penúltima parte desta série (para quem não acompanhou as outras, sugiro que leiam antes a parte 1 e a parte 2), que vai explicar a importância do isolamento geográfico para a evolução e os mecanismos da seleção sexual e artificial. Espero que gostem.

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 3

O isolamento geográfico

Por que os elefantes das savanas africanas são tão diferentes dos elefantes das selvas? Por que as mariposas marrons se tornaram mais comuns que as brancas a partir do século XIX? Porque a mesma espécie de pássaros podem ter bicos tão diferentes? A resposta para todas essas perguntas é o isolamento geográfico.

Muito, muito tempo atrás, nosso planeta era um único e grande pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Esse super continente chamava-se Pangea e, com o passar dos milhares de anos, dividiu-se e formou os continentes atuais. O que isso tem a ver com a Seleção Natural? Bem, vamos lá:

Quando um grupo de uma mesma espécie de animais se divide, cada um indo para uma região, temos o chamado isolamento geográfico. O isolamento geográfico é quando um grupo (A) se divide em 2 ou mais grupos menores (B, C...) e cada um desses grupos menores vai para um lugar distante do outro, de forma que esses indivíduos do grupo original (A) nunca mais se encontrarão. Vamos usar o exemplo do elefante.

Existia um grupo (A) de elefantes com 100 indivíduos, todos elefantes grandes e fortes, com presas afiadas. Em um determinado momento, por algum motivo, esse grupo se separou. 50 indivíduos migraram para uma savana (um campo aberto, com vegetação rasteira) e os outros 50 migraram pra uma selva, em busca de alimentos. Os elefantes da savana(que chamarei de grupo B) se adaptaram muito bem ao novo local. Eram grandes e fortes para afastar os predadores e podiam se locomover com facilidade. O outro grupo (que chamarei de Grupo C), por outro lado, não se adaptou bem à selva, justamente por serem grandes e fortes, muitos ficavam presos nas árvores, sendo alvo fácil a predadores.

Neste ambiente, os elefantes que nasceram com um tamanho reduzido levaram vantagem sobre os demais. Imagine 1 entre 10 elefantes nascer menor que os outros, mais rápido e ágil, e com presas menores. Ele vai conseguir “manobrar” pela selva com mais facilidade, caçar com mais facilidade e fugir de predadores com mais facilidade; consequentemente se reproduzirá mais e transmitirá sua característica a seus filhotes, que por sua vez terão vantagens sobre os outros e por aí em diante, até que todos (ou pelo menos a maioria) dos novos elefantes sejam pequenos e sem presas. (Sim, este é um processo muito demorado)

Como é o meio que seleciona as características que vão sobreviver, não adianta ser mais forte num ambiente em que a agilidade é o que conta. Por isso deve-se ter cuidado com a frase “Os mais fortes sobrevivem”, pois esse “forte” nem sempre significa força física, mas é um sinônimo de “mais adaptado”.

No exemplo anterior, uma nova espécie de elefantes surgiu. Se antes tínhamos os Elefantes do Grupo B e C, os elefantes do grupo C deram origem a uma nova espécie, a espécie D (menores e sem presas). Neste caso, o grupo B perpetuou as características do grupo A inicial, mas na maioria das vezes cada subgrupo gera uma nova espécie diferente.

Através desse mecanismo que surgiu toda a complexidade e variedade de espécies de seres vivos que existem hoje, num processo que levou bilhões de anos. Não apenas alterações pequenas são conseguidas pelo processo da seleção natural, mas também os grandes, como veremos a seguir.

Um roedor que vive num ambiente X e, repentinamente, forças externas o obrigam a migrar para um ambiente Y, onde existem predadores diferentes e maneiras de fugir diferentes, precisará se adaptar a elas. Se antes ele vivia em campos abertos, comendo folhas, agora ele precisa se esconder debaixo da terra e comer o que aparecer.

Neste caso, o meio selecionará os indivíduos menores, que conseguem entrar nos buracos menores para se esconder, ou então os que tiverem garras mais afiadas para cavarem seus buracos mais rapidamente, e assim por diante. Com o tempo, uma espécie nova, diferente da original, mas com similaridades, surgirá neste ambiente.


O que tudo isso tem a ver com a Pangea? Ora, se no início era apenas um grande bloco de terra, quando os continentes se separaram, isolaram geograficamente também as espécies. Por isso temos espécies parecidas, porém diferentes, em todo o mundo.

Ufa! Entendido o isolamento geográfico, passemos ao último fator crucial da seleção natural.

A seleção Sexual

Esta, na verdade, é um “braço” da seleção natural. Basicamente, ela diz o seguinte:

Em todas as espécies animais (à exceção dos humanos), o macho é mais bonito que a fêmea. Basta reparar no pavão, no papagaio, no leão, dentre outros. Acredita-se que, num passado remoto, todos os indivíduos de um grupo eram similares entre si, ou seja, tanto o leão como a leoa não tinham juba; tanto o papagaio macho como a fêmea não tinham outra cor alem do verde. Em algum momento um macho nasceu com uma estranha anomalia (mutação): a presença de pêlos/penas coloridos.

No caso do leão, a primeira “juba” foi um tufinho de pêlo, mas já foi o suficiente para atrair a atenção das fêmeas, que selecionavam aquele macho com aquela característica.

Por isso o nome seleção sexual, pois é a fêmea, e não o meio, que seleciona essas características.

E isso se aplica aos outros animais. O exemplo clássico é o do pavão, que usa a beleza de sua cauda pra atrair as fêmeas.

Acredito que esta explicação seja o suficiente para compreender a Seleção Natural. A seguir falarei sobre outros assuntos relacionados à evolução, listando também algumas dúvidas e erros freqüentes.

A seleção artificial

Da mesma maneira que o meio seleciona características que vão prevalecer, os seres humanos também o fazem com relação a outros animais e vegetais. Vamos entender:

Pegue por exemplo um cachorro Poodle de raça pura. Por que ele tem raça pura? Porque seus donos escolheram seu parceiro, evitando que ele se reproduzisse com um cão de outra raça. Dessa maneira, os humanos selecionaram aquela raça para se perpetuar.


Imagine que você tenha um pedaço de terra e queira plantar feijão. Você pode escolher sementes de feijão preto, marrom e vermelho. Você decide plantar só feijão preto na sua rocinha, e todos os seus vizinhos decidem plantar só feijão preto. Se todos no mundo decidirem só plantar feijão preto, você e todos mundo selecionaram essa característica para sobreviver, e as outras serão descartadas. Isso é seleção artificial, ou seja, é toda seleção feita pelos seres humanos, de forma consciente ou não.


Semana que vem, não percam a última parte da série, que aponta as evidências da evolução e os erros mais comuns cometidos pelas pessoas acerca da teoria.

Abraços,

Jack Waters

domingo, 28 de junho de 2009

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 2

Saudações, pessoal. Dando continuidade à série (quem perdeu a parte 1, confira aqui), hoje lhes apresento a parte 2 do artigo, que trata sobre a Seleção Natural e as mutações gênicas (acreditem, é mais fácil do que parece).

A Seleção natural

Como explicar o fato de que aves tão próximas poderiam ter características tão diferentes? Darwin propôs seu modelo: A seleção Natural.

A seleção natural é o mecanismo da evolução, e funciona da seguinte forma: O meio seleciona os indivíduos mais adaptados. Como assim?

Assim como existem diferenças naturais nos corpos dos seres humanos, também existem nos outros animais. Alguns indivíduos se destacam do resto do grupo, por exemplo: Alguns leões são mais fortes que outros do mesmo grupo; alguns cavalos são mais velozes que outros do mesmo grupo e por aí vai. O ambiente em que se encontram esses grupos seleciona os indivíduos mais aptos a sobreviver e descarta os outros.


Voltemos ao exemplo da girafa, que vimos semana passada (agora sob o ponto de vista de Darwin): Da mesma forma que existem pessoas naturalmente mais altas e mais baixas, também existem girafas com pescoços maiores e menores. As girafas com pescoço menor só conseguem alcançar a parte inferior das árvores, enquanto que as de pescoço maior alcançam tanto a parte inferior quanto a superior e, consequentemente, alimenta-se melhor do que as outras. Estando melhor alimentadas, essas girafas têm mais força para competir pelas fêmeas do grupo e mais energia para fugir de predadores, portanto, elas vão se reproduzir mais do que as outras e seus filhotes nascerão com essa característica (serem mais altos).

Imagine que as girafas altas se reproduzem 10x mais que as baixas. Com o passar dos muitos anos, a tendência é a de que girafas altas predominem em número no grupo, e girafas mais baixas vão aos poucos sumindo, até se extinguirem por completo. Dessa forma, o ambiente selecionou as girafas altas. E o processo continua...

A melhor maneira de se visualizar a evolução é como uma grande árvore, cheia de galhos e ramificações menores, sendo cada ponta uma espécie diferente. Para entender melhor, vamos aos três fatores indispensáveis para que ocorra a seleção natural:

As mutações

Darwin não sabia explicar porque alguns indivíduos nasciam com algumas diferenças em relação aos demais. Essas diferenças poderiam ser desde características inúteis ou danosas ao indivíduo, como por exemplo asas menores a um mosquito, como poderiam ser extremamente úteis para o futuro da espécie, como um bico mais longo e fino para o pica-pau. O motivo por trás dessas anomalias só foi encontrado em meados do século XX com a descoberta do DNA. Quando o processo de fabricação do DNA dentro de nossas células foi compreendido, descobriu-se que algumas vezes ocorrem erros que podem gerar anomalias. Este processo é chamado de mutação.

As mutações são importantíssimas para a seleção natural. Voltemos a Darwin:
Como em sua época nem se tinha idéia do que era DNA ou mutações, Darwin não sabia explicar como essas pequenas diferenças aconteciam com os indivíduos em relação ao restante do grupo, mas sabia que aconteciam. Diferenças que determinariam quem seria selecionado e quem seria descartado pelo ambiente.

Imagine um grupo de pica paus que se alimenta de pequenas larvas dentro do tronco das árvores. Todos eles têm que bicar o tronco até atingir uma larva e então comê-la. O que aconteceria se, porventura, um pica-pau nascesse com um bico menor que os demais? Naturalmente ele se alimentaria menos, pois seu bico não conseguiria atingir as larvas dentro dos troncos; tendo uma alimentação ruim, ele seria fraco e não conseguiria fugir dos predadores nem conquistar as fêmeas do grupo. Morreria sem deixar descendentes. Seria, portanto, uma mutação que foi descartada pelo meio (o bico pequeno).

Mas o que aconteceria se ele nascesse com um bico maior que os demais? Bem, com um bico maior ele atingiria mais larvas dentro dos troncos, alimentar-se-ia melhor, teria mais força para competir pelas fêmeas e para fugir dos predadores, iria se reproduzir mais e passar sua característica(bico grande) para seus filhotes, que também teriam vantagens sobre os outros pica-paus de bico médio do grupo, e em algumas gerações os pica-paus iniciais (de bico médio) seriam extintos, dando lugar aos pica-paus de bico grande. Essa característica(bico grande), portanto, foi selecionada pelo meio.

Isso acontece com todos os seres vivos, com relação a todas as características.


Por hoje é só. Semana que vem, a parte 3 explicará o processo do isolamento geográfico e sua importância para a seleção natural. Não percam!

Abraços,

Jack Waters

domingo, 21 de junho de 2009

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 1

Saudações pessoal. Hoje iniciarei uma nova série no blog, em que tento explicar de forma simples uma das teorias pela qual sou mais apaixonado: a Evolução.

Peço aos biólogos de plantão que me alertem para qualquer erro que possa ter cometido no texto. Espero que possa ser útil a todos.

A Teoria da Evolução simples de entender

Como pode o homem descender de animais primitivos? É verdade que o homem veio do macaco? Já chegamos à forma perfeita?

Muitas pessoas não entendem como funciona o processo da evolução e, talvez por isso, não a aceitem como uma teoria válida. Neste tópico, tentarei explicar de forma simples o que é a teoria da evolução, a seleção natural, as mutações e outros termos que os biólogos adoram utilizar.


A história da evolução

Durante séculos, a humanidade vem tentando compreender como o ser humano e todas as outras formas de vida em nosso mundo surgiram. Várias hipóteses foram criadas, mas sem nenhuma validação científica. Até o século XIX, a idéia mais aceita era que tudo foi criado por um deus em sua forma perfeita, como encontramos hoje; porém, essa visão estava prestes a sofrer uma grande ameaça...

Em meados desse mesmo século, um naturalista francês de nome Jean Baptiste Lamarck propôs pela primeira vez na história que os seres-vivos não são imutáveis, como se acreditava até então; ao contrário, todos passavam por um lento processo de mudança e melhoramento, rumo à perfeição. A este processo, ele deu o nome evolução. Mas como funcionava a evolução para Lamarck?

O uso e o desuso e a Teoria dos caracteres adquiridos

Para Lamarck, assim como os músculos, todas as partes do corpo dos seres vivos,com o tempo, desenvolviam-se se utilizadas e se atrofiavam caso não fossem utilizadas, e essas características adquiridas, ou seja, essas partes que se desenvolveram ou se atrofiaram, seriam transmitidas à geração futura. Para ilustrar esta teoria, um de seus alunos propôs um exemplo clássico: O pescoço da girafa.

Imagine uma girafa primitiva, ancestral das girafas atuais, que tinha um pescoço curto. Para conseguir mais alimentos, ela tinha que esticar o seu pescoço para alcançar as folhas mais altas das árvores. Ao longo de toda sua vida a girafa esticava seu pescoço, dia após dia. Quando adulta, seu pescoço teria, teoricamente, aumentado alguns centímetros e esta girafa, ao se reproduzir, transmitiria essa característica aos seus filhotes. Ou seja, se na geração da girafa mãe, a média do tamanho dos pescoços era de 10cm, agora na geração futura seria de 13cm, e assim sucessivamente até chegar ao tamanho que é hoje.

E, por outro lado, as partes do corpo que não são utilizadas se atrofiariam e sumiriam com o tempo (um exemplo cotidiano muito usado por dentistas é que o dente siso está sumindo porque nós não o usamos mais. O dente siso NÃO está sumindo, e nós veremos adiante porque este argumento está errado.)

Segundo Lamarck, este processo acontece com todos os animais. Alguns desenvolveram barbatanas, patas maiores, asas, etc. e transmitiram essas características adquiridas a seus descendentes ao longo dos séculos.

Essas teorias ficaram conhecidas como Uso e desuso e Teoria dos caracteres adquiridos.

Para um homem do início do séc. XIX, pioneiro na teoria da evolução, sem tecnologias avançadas e recém-saído de um longo período de bloqueio ao avanço científico por parte da Igreja, Lamarck foi um homem à frente de seu tempo que fez descobertas impressionantes e seus estudos foram importantíssimos para o que aconteceria a seguir. No entanto, suas teorias estavam equivocadas...

Um inglês chamado Charles Darwin

Nascido na época em que Lamarck publicava suas teorias evolucionistas, Charles Darwin viria a revolucionar a ciência e a maneira como enxergamos o mundo. Filho de um médico de respeito e vindo de uma família de classe média, Darwin seguiu o caminho do pai por um tempo, trabalhando como médico aprendiz. Contudo, detestava a brutalidade das cirurgias da época (que eram feitas sem anestesia e com serras, cortando vagarosamente as partes afetadas) e decidiu trocar sua profissão pela de naturalista. Em seu novo emprego, teve a oportunidade de fazer a viagem que mudaria sua vida: A expedição à bordo do navio Beagle.

Nessa expedição, Darwin viajou por diversos lugares diferentes – inclusive pela costa brasileira – conhecendo a fauna e a flora naturais de cada lugar. No entanto, foi no arquipélago de Galápagos que fez suas descobertas mais importantes. Darwin notou que, apesar da proximidade das ilhas, as mesmas espécies de aves tinham características muito peculiares e diferentes umas das outras. Algumas apresentavam um bico serrilhado, outras um bico mais comprido e por aí em diante. Esses detalhes, que passariam despercebidos por outros observadores, foram o marco inicial da teoria que revolucionou a biologia.


Semana que vem, explicarei o processo da Seleção Natural. Não percam!

Abraços,

Jack Waters