domingo, 5 de julho de 2009

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 3

Saudações, pessoal. Esta é a penúltima parte desta série (para quem não acompanhou as outras, sugiro que leiam antes a parte 1 e a parte 2), que vai explicar a importância do isolamento geográfico para a evolução e os mecanismos da seleção sexual e artificial. Espero que gostem.

A teoria da Evolução simples de entender - Parte 3

O isolamento geográfico

Por que os elefantes das savanas africanas são tão diferentes dos elefantes das selvas? Por que as mariposas marrons se tornaram mais comuns que as brancas a partir do século XIX? Porque a mesma espécie de pássaros podem ter bicos tão diferentes? A resposta para todas essas perguntas é o isolamento geográfico.

Muito, muito tempo atrás, nosso planeta era um único e grande pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Esse super continente chamava-se Pangea e, com o passar dos milhares de anos, dividiu-se e formou os continentes atuais. O que isso tem a ver com a Seleção Natural? Bem, vamos lá:

Quando um grupo de uma mesma espécie de animais se divide, cada um indo para uma região, temos o chamado isolamento geográfico. O isolamento geográfico é quando um grupo (A) se divide em 2 ou mais grupos menores (B, C...) e cada um desses grupos menores vai para um lugar distante do outro, de forma que esses indivíduos do grupo original (A) nunca mais se encontrarão. Vamos usar o exemplo do elefante.

Existia um grupo (A) de elefantes com 100 indivíduos, todos elefantes grandes e fortes, com presas afiadas. Em um determinado momento, por algum motivo, esse grupo se separou. 50 indivíduos migraram para uma savana (um campo aberto, com vegetação rasteira) e os outros 50 migraram pra uma selva, em busca de alimentos. Os elefantes da savana(que chamarei de grupo B) se adaptaram muito bem ao novo local. Eram grandes e fortes para afastar os predadores e podiam se locomover com facilidade. O outro grupo (que chamarei de Grupo C), por outro lado, não se adaptou bem à selva, justamente por serem grandes e fortes, muitos ficavam presos nas árvores, sendo alvo fácil a predadores.

Neste ambiente, os elefantes que nasceram com um tamanho reduzido levaram vantagem sobre os demais. Imagine 1 entre 10 elefantes nascer menor que os outros, mais rápido e ágil, e com presas menores. Ele vai conseguir “manobrar” pela selva com mais facilidade, caçar com mais facilidade e fugir de predadores com mais facilidade; consequentemente se reproduzirá mais e transmitirá sua característica a seus filhotes, que por sua vez terão vantagens sobre os outros e por aí em diante, até que todos (ou pelo menos a maioria) dos novos elefantes sejam pequenos e sem presas. (Sim, este é um processo muito demorado)

Como é o meio que seleciona as características que vão sobreviver, não adianta ser mais forte num ambiente em que a agilidade é o que conta. Por isso deve-se ter cuidado com a frase “Os mais fortes sobrevivem”, pois esse “forte” nem sempre significa força física, mas é um sinônimo de “mais adaptado”.

No exemplo anterior, uma nova espécie de elefantes surgiu. Se antes tínhamos os Elefantes do Grupo B e C, os elefantes do grupo C deram origem a uma nova espécie, a espécie D (menores e sem presas). Neste caso, o grupo B perpetuou as características do grupo A inicial, mas na maioria das vezes cada subgrupo gera uma nova espécie diferente.

Através desse mecanismo que surgiu toda a complexidade e variedade de espécies de seres vivos que existem hoje, num processo que levou bilhões de anos. Não apenas alterações pequenas são conseguidas pelo processo da seleção natural, mas também os grandes, como veremos a seguir.

Um roedor que vive num ambiente X e, repentinamente, forças externas o obrigam a migrar para um ambiente Y, onde existem predadores diferentes e maneiras de fugir diferentes, precisará se adaptar a elas. Se antes ele vivia em campos abertos, comendo folhas, agora ele precisa se esconder debaixo da terra e comer o que aparecer.

Neste caso, o meio selecionará os indivíduos menores, que conseguem entrar nos buracos menores para se esconder, ou então os que tiverem garras mais afiadas para cavarem seus buracos mais rapidamente, e assim por diante. Com o tempo, uma espécie nova, diferente da original, mas com similaridades, surgirá neste ambiente.


O que tudo isso tem a ver com a Pangea? Ora, se no início era apenas um grande bloco de terra, quando os continentes se separaram, isolaram geograficamente também as espécies. Por isso temos espécies parecidas, porém diferentes, em todo o mundo.

Ufa! Entendido o isolamento geográfico, passemos ao último fator crucial da seleção natural.

A seleção Sexual

Esta, na verdade, é um “braço” da seleção natural. Basicamente, ela diz o seguinte:

Em todas as espécies animais (à exceção dos humanos), o macho é mais bonito que a fêmea. Basta reparar no pavão, no papagaio, no leão, dentre outros. Acredita-se que, num passado remoto, todos os indivíduos de um grupo eram similares entre si, ou seja, tanto o leão como a leoa não tinham juba; tanto o papagaio macho como a fêmea não tinham outra cor alem do verde. Em algum momento um macho nasceu com uma estranha anomalia (mutação): a presença de pêlos/penas coloridos.

No caso do leão, a primeira “juba” foi um tufinho de pêlo, mas já foi o suficiente para atrair a atenção das fêmeas, que selecionavam aquele macho com aquela característica.

Por isso o nome seleção sexual, pois é a fêmea, e não o meio, que seleciona essas características.

E isso se aplica aos outros animais. O exemplo clássico é o do pavão, que usa a beleza de sua cauda pra atrair as fêmeas.

Acredito que esta explicação seja o suficiente para compreender a Seleção Natural. A seguir falarei sobre outros assuntos relacionados à evolução, listando também algumas dúvidas e erros freqüentes.

A seleção artificial

Da mesma maneira que o meio seleciona características que vão prevalecer, os seres humanos também o fazem com relação a outros animais e vegetais. Vamos entender:

Pegue por exemplo um cachorro Poodle de raça pura. Por que ele tem raça pura? Porque seus donos escolheram seu parceiro, evitando que ele se reproduzisse com um cão de outra raça. Dessa maneira, os humanos selecionaram aquela raça para se perpetuar.


Imagine que você tenha um pedaço de terra e queira plantar feijão. Você pode escolher sementes de feijão preto, marrom e vermelho. Você decide plantar só feijão preto na sua rocinha, e todos os seus vizinhos decidem plantar só feijão preto. Se todos no mundo decidirem só plantar feijão preto, você e todos mundo selecionaram essa característica para sobreviver, e as outras serão descartadas. Isso é seleção artificial, ou seja, é toda seleção feita pelos seres humanos, de forma consciente ou não.


Semana que vem, não percam a última parte da série, que aponta as evidências da evolução e os erros mais comuns cometidos pelas pessoas acerca da teoria.

Abraços,

Jack Waters

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