domingo, 31 de maio de 2009

Meu louco sonho

Mamãe? Mamãe, é você? Eu tive um sonho estranho. Sonhei que tinha... voltado no tempo. (De volta para o futuro)

Esta frase cai como uma luva para iniciar a narração de um sonho absurdamente louco que tive esta semana. Algo tão insano que até eu me surpreendi com a minha imaginação, quando acordei.

Estava eu em algum ano da década de 80, aqui na minha cidade. Havia voltado no tempo por algum meio que não me lembro, mas com uma missão clara: Encontrar o Cazuza e avisar-lhe que ele iria morrer (sim, eu também fiz essa cara quando fui analisar mais tarde). Agora imaginem, o Cazuza morava na minha cidade - que é um fim de mundo completo - e eu tinha que lhe dar esta mensagem, talvez para alerta-lo sobre os riscos de manter relações sexuais sem proteção contra as DST's.

Ao longo da minha busca, caminhei à noite pelo centro da cidade e me surpreendi com o que vi: era tudo tão mais luminoso e agitado do que hoje. Havia discoteca, loja de discos e conserto de vitrolas (meu vício até no sonho); vi a loja da minha mãe sendo construída e algumas outras lojas em posições diferentes das atuais. Passei por muitas pessoas nas ruas, e todas pareciam jovens e estilosas.

A praça - que hoje foi tomada por emos e drogados - era o ponto de encontro daquela geração do Disco dance, de saltos plataformas, ternos brancos, calças boca-de-sino e cabelos enormes e encaracolados (achei estranho a principio, já que este é o visual típico dos anos 70, mas ontem um amigo meu mais velho me confirmou que nos anos 80 as pessoas daqui usavam esse estilo ainda, pelo fato de a moda de fora demorar mais tempo para chegar por estas bandas). Era tudo tão animado que parecia até filme hollywoodiano.

No meu sonho era assim

Passei alguns dias por lá, pois não conseguia encontrar o Cazuza. Até fui assistir a algumas aulas no principal colégio municipal da cidade para ver se ele estava por lá, mas nada. Fiz algumas amizades na escola e até tentei encontrar a minha mãe, mas eu sabia que não poderia interagir com ela, para não correr o risco dela se apaixonar por mim, como no filme De volta para o futuro.

Algum tempo depois, quando finalmente encontrei o tal, ele estava com uns amigos em uma rua escura e pouco movimentada, à noite. Eu lhe chamei para conversar e ele veio, mas tivemos que nos esconder no topo de uma árvore à beira do rio que corta a cidade para podermos falar sossegados. Acho que ele estava fugindo de alguem (talvez da polícia, talvez dos fãs). Dei-lhe então a notícia de sua morte e ele riu (acho que estava alto pelas drogas).

Missão cumprida, era hora de voltar para o futuro, mas esta parte infelizmente eu perdi, pois tive que acordar para trabalhar. De toda forma, fiquei feliz em imaginar a minha cidade como ja tendo sido um lugar bem maneiro de se viver e orgulhoso de ter tido um sonho tão psicodélico como há muito não tinha.

Pena que foi tudo um sonho.


Abraços,

Jack Waters

sábado, 30 de maio de 2009

Pense um pouquinho....

Se todos nós fôssemos perfeitos, não haveria impolgação em viver nesse mundo tão seletivo, onde alguns passam a vida toda se criticando e por conta disso fracassam diante de seus obstáculos mais sutis ao longo dos anos, outros fazem das criticas de si, a fonte superlativa para o mais belo astral de se viver em paz com o mundo no qual lhe foi concebido.


Abraços, Gustavo Amariz.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Amor

Humor

(
Oswald de Andrade)

Abraços,

Jack Waters

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Encontro com Deus


A áurea bucólica e plena do ser

resplandece em mais uma tarde de verão.

Se isto é passageiro ninguém pode dizer

pois o dom divino de amar padece em

cada momento de desprazer.

Astuto, percebera que sua momentânea ilusão

procederia liricamente ao entardecer

e quando a noite se revelasse,

eis que o manto sagrado de sua oração

reluziria harmonicamente em ambivalência

à toda metamorfose adquirida sem displicência,

em fartos seios de perseverança unidos por um

elo contagiante de existência varonil,

da qual desenvolvera sua moralidade.

Empiricamente, flertando com os pássaros,

encontrava a embriaguez de si confundida

como uma felicidade sem fim, devido à

semântica atribuída ao estado de espírito

impetrado por sua fé capaz de destacar as

suas mais simples virtudes de existir.

Então fechara o teu livro lido e relido

em lugar semelhante a um ateneu, pois isto

foi o seu breve mas sincero encontro com Deus.
Abraços, Gustavo Amariz.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Meu vício

Estava pensando com meus botões sobre o que iria escrever hoje, quando me peguei ouvindo um disco do Scorpions na vitrola, após um dia cansativo (nada melhor que um bom rock pesado para relaxar). Confesso que não gostava muito da banda ao ouvir alguns álbuns recentes, mas mudei de opinião ao escutar um disco ao vivo, da década de 80. Quanta vitalidade! Que Hard rock bem feito! Fiquei realmente surpreso quando ouvi pela 1ª vez.

Pensando mais um pouco, ultimamente venho adquirindo um novo vício: o disco de vinil. Sim, este bolachão que tem a incrível capacidade de tornar qualquer música inexpressiva em uma grande experiência sonora vem me fascinando a cada dia.

Ahhh, como é bom...

Por anos eu apenas conheci a sonoridade do cd e do mp3, achando aquilo o máximo. Quando me falavam no vinil, eu logo fechava a cara, julgando que devia ser algo tosco, com mais chiados que som e que não era tudo aquilo que diziam. Ledo engano. Tão logo pousei a agulha sobre meu primeiro disco - uma coletânia do Queen que pertencera à minha mãe - tive a certeza de que não queria mais saber de outra coisa.

De fato, foi o que aconteceu. Estou viciado em discos de vinil, eu admito. Não gosto mais de mp3, limitando-me a ouvir apenas as músicas que não tenho em disco(ainda) e acho o cd um desperdício de boa música. Sei lá, o som parece-me tão superficial e metálico. Não há nada que se compare à profundidade do bolachão.

Cada vez que olho pra minha coleção de discos, ela me parece menor. Quero mais, muitos mais!! Quero completar a discografia dos Beatles, do Pink Floyd, do Iron Maiden, do Chico Buarque, etc etc. e acho um absurdo não ter nenhum Yes, Rush ou Black Sabbath (erro grave, que pretendo consertar em breve). Fiquei feliz em saber que a indústria fonográfica está voltando a adotar o vinil, por este ser muito mais difícil de se piratear, e muitas bandas estão lançando seus álbuns tanto em CD quanto em LP. Espero que volte com força total.

Também entendi um sentimento que as pessoas tinham para com seus discos antigamente, uma espécie de amor, um apego que não se encontra na geração do cd e do mp3. Nossos pais e avós cuidavam com todo carinho de seus vinis, de tal sorte que ainda se encontram muitos em ótimo estado por aí, em sebos.

Eu também aprendi a tomar estes cuidados. Todos os meus pouco mais de 100 discos (até o momento) foram lavados com esponja e detergente, tiveram a capa meticulosamente limpa (até porque sou alérgico a poeira), foram catalogados em um caderno especial e no pc e organizados em ordem alfabética no meu móvel do quarto, logo abaixo da vitrola. Todos perpendiculares ao chão, como devem ficar para não entortar. Cada disco novo que eu compro/ganho passa pelo mesmo processo antes de ser ouvido, com o acréscimo da data de sua aquisição no caderno e pc.

Um dia ainda terei uma estante linda assim

Não foi um trabalho fácil organizar tudo isso. Levei semanas, mas no final valeu a pena. Dá gosto de ver tudo bonitinho e pronto para o uso, com a certeza de que vão durar muitos anos ainda. Enquanto isso, continuo alimentando meu vício, que não tenho a menor pretensão de abandonar.

Abraços,

Jack Waters

domingo, 24 de maio de 2009

A experiência do Dr. Marcos - Parte 3

Esta é a 3ª e última parte(até o momento) do conto. Pretendo voltar a escrevê-lo assim que surgir inspiração. Espero que gostem. Para quem não acompanhou, sugiro que leiam primeiro a Parte 1 e a Parte 2.


A experiência do Dr. Marcos - Parte 3

...Por alguns minutos ficaram em silêncio. Apenas o som das teclas era audível. Analisavam gráficos e cálculos de experiências passadas quando, subitamente, a porta do laboratório abriu com certa violência. Ambos olharam um tanto assustados naquela direção. Era Mônica.


- Bom dia, rapazes – A bela moça adentrou a sala, com um sorriso cândido no rosto. Evidentemente não tinha controle sobre a própria força. Trajava uma camiseta e uma calça jeans, que realçavam seu aspecto jovial. Era realmente uma figura encantadora – Como estão?


- Bom dia. – O professor bebericava seu café enquanto lançou um rápido olhar na direção da garota. – Acho que estamos inteiros...


- E aí Mônica. – Roberto pegou-se admirando o belo corpo de sua colega por alguns instantes, perdido em devaneios.


- Agora podemos retomar ao ponto que paramos ontem à noite – Marcos agora digitava em seu computador. – Mas há algo que me intriga nas nossas recentes experiências...


Mônica cruzou a sala para buscar seu jaleco. Roberto sentiu o doce perfume que emanava de seus longos cabelos castanhos.


- Qual o problema, professor? – A jovem vestia seu jaleco meio encardido.


- Estou checando os dados atualizados da pesquisa... – Disse o professor, em tom sério. – Os animais estão respondendo às substâncias testadas de forma inesperada.


- Como assim? – Mônica curvou-se ao lado do professor para ver o que se passava naquele monitor.


- Repare nessa cadeia de cromossomos... Não combina com a última amostra que retiramos, há 3 dias.


Roberto juntou-se ao outros dois, interessado nessa parte da conversa.


- Uma mutação? – Parecia gostar da idéia.


- Isso não estava previsto nos planos... – a expressão de Marcos mudou drasticamente. Ele parecia seriamente preocupado com os resultados...


10 minutos depois

Corredores da Usp


O jaleco branco do Dr. Marcos esvoaçava bruscamente enquanto ele caminhava a passos rápidos e pesados pelos corredores mal iluminados da universidade, com seus alunos ao encalço fazendo anotações com sonoras rabiscadas. O semblante do mestre transparecia uma grande preocupação que beirava o desespero.


- Entende as conseqüências que isto pode acarretar? –Falava em tom abafado, enquanto dobrava uma esquina em direção a uma grande porta dupla, vários metros à frente. – Se isso sair de nosso controle, nem quero imaginar o que poderia acontecer...


- Mas as probabilidades são mínimas! – retrucou Roberto. Havia algo em seu sorriso que quase transparecia diversão. Quase. – Sob todas as circunstâncias em que experimento foi realizado, algo de errado só poderia ocorrer se...


Mas o doutor já não escutava; estava mergulhado em pensamentos obscuros. Sua mente fervilhava em pensamentos que apontavam para um perigo iminente. Todos já o haviam percebido, mas ninguém se atreveria a dizer em voz alta.


Fim (provisório)


Abraços,

Jack Waters

sábado, 23 de maio de 2009

Os Filósofos - Blaise Pascal

Meus amigos hoje irei começar a postar a história e algumas frases de filósofos famosos, eu pretendo colocar um filosofo por post. Muitos destes filósofos vocês não conhecem, mas são muito importantes para a filosofia.

Vou começar falando sobre Blaise Pascal

Nome: Blaise Pascal
Histórico: Blaise Pascal, mais conhecido como Pascal. Foi um filosofo religioso, físico e matemático, nascido em Clermont-Ferrand, Puy-de-Dôme em 19 de junho de 1623. Foi criação dele uma frase muito dita nos tempos de hoje:

“O coração tem razões que a própria razão desconhece.”

 Pascal tinha muitos talentos com as ciências físicas. Teve grandes trabalhos na área da geometria projetiva e depois na Teoria da probabilidade. Depois de um tempo aconteceu um fato na vida dele que ele resolveu estudar teologia, nesta época ele teve um livro publicado chamado, Les Provinciales (1656-1657).
 Pascal foi uma das grandes influências dos dois ingleses que fundaram a Igreja Metodista. È de Pascal também o mérito de ter criado a primeira calculadora mecânica, por um motivo bem legal:

“Para aliviar o trabalho do seu pai como um agente fiscal, Pascal inventou uma máquina de calcular para adição e subtração e cuidava de sua construção e venda.”

Agora irei postar algumas frases ditas por ele, acho que vocês irão gostar:

"O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem." [ Blaise Pascal ]

"A maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama." [ Blaise Pascal ]

"Duas coisas instruem o homem, qualquer que seja a sua natureza: o instinto e a experiência." [ Blaise Pascal ]

"O amor é cego, a amizade fecha os olhos." [ Blaise Pascal ]

"Quanto mais inteligente um homem é mais originalidade encontra nos outros. Os medíocres acham toda a gente igual." [ Blaise Pascal ]

"É uma doença natural no homem acreditar que possui a verdade." [ Blaise Pascal ]



Bom eu acho que já deu para entender um pouco sobre o Blaise Pascal. Todas as frases foram tiradas do site frasesfamosas.com.br.

Romulo

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O que somos capazes de fazer?

Olá caros leitores, hoje vou viajar um pouco, tem muito tempo que eu não pego algum assunto para ir ao infinito e voltar. Irei falar hoje sobre o que nós achamos que não iremos fazer, mas nosso instinto nos obriga a fazer.

Partindo do principio criado por Rousseau, podemos ver que nós também recebemos influências externas na hora de realizar determinada ação, podemos realizar boas ações ou também podemos realizar ações que outrora nós repudiávamos. Antigamente nós podíamos traçar uma restrição para as ações do homem, mas agora isto está quase impossível, já que os homens estão cada vez mais abandonando a moral e recorrendo a ética para ficar com a consciência limpa.

Todos os dias nós vemos nos meios de comunicação noticias que nós abominamos, mas quem garante que naquela situação você não faria a mesma coisa? Estamos chegando a um ponto em que estamos nos assemelhando com os animais que não tem raciocínio, e só vivem para obedecer a regras. Não que obedecer a regras seja uma coisa ruim, mas esta regra que eu estou me referindo são os modelos são impostos para nós.

O ser humano tem uma grande capacidade fazer ações tanto para o bem quanto para o mal, e graças a isto podemos escolher qual será nossa ação.

Gente por hoje é só. Hoje eu estou com sono.

Romulo

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Enem X Vestibular

Caros leitores hoje venho falar um pouco sobre vestibular e Enem, muitas pessoas podem achar este assunto muito trivial ou coisa do tipo, mas isto interfere nos profissionais que irão substituir os que estão por ai no mercado.

Não sei se vocês sabem, mas o governo federal resolveu unificar os vestibulares das universidades publicas no Enem, onde a primeira prova seria o Enem e a segunda seria cada universidade que iria aplicar, mas muitas pessoas não vêem problema nisto, mas isto é a maior besteira do mundo, pois vamos monopolizar ainda mais o ensino universitário público neste país.

No meu ponto de vista esta muito errada esta atitude, pois como nós estamos em um país onde tudo pode acontecer, não vou ficar espantado quando estiver correndo notícias na mídia sobre fraudes no vestibular, e na verdade quem sai perdendo é a pessoa pobre que não pode pagar uma universidade e tem que ficar dependendo de programas do governo.

Vocês podem marcar o que eu estou falando, este método será muito usado politicamente, como tudo que é bom neste país, nasce bom e vira político. Os estudantes das universidades publicas estão se mobilizando para não ocorrer isto, não vemos noticia sobre isto na mídia, pois não interessa a eles, podemos ver que querem nos impor alguma coisa para poder agradar aos ricos. Cabe a nós estudantes lutarmos por nossos direitos.

Sempre que tiver alguma novidade sobre este assunto eu estarei postando aqui, esta é minha opinião, muitas pessoas não irão gostar do que esta escrito aqui, mas fazer o que? Não da para agradar a todos.

Romulo

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"O Beija flor em mim"

A estrela que faz parte de mim,

não consegue brilhar como deveria,

mas porquê? o que falta em você?

Busquei no anel de saturno, todas as

cores possíveis para montar meu arco íris,

busquei em todos os quebra cabeças,

os pedaços para montar o meu quadrado,

cultivei a mais bela flor só para te oferecer,

e a minha rosa mais uma vez murchou.

Procurei também te aquecer com o mais belo sol da estação,

e neste outono está tão frio, tão gelado, que o

meu coração está enfraquecendo sem parar de bater.

Eu queria ser o beija-flor mais bonito que você já viu,

eu queria beber daquele açúcar que você

despejou ali naquele vidrinho e o meu coração

bater, bater, bater tão forte, que se ele parasse,

meu cérebro não importaria de esperar mais cinco minutinhos

para levar por toda a eternidade o calor do teu abraço,

uma palavra de carinho, o prazer que é estar com alguém,

saber que se a noite lhe traz solidão, lembra-te daquele

sorriso aconchegante da sua linda, mas doce amada, mulher.

Abraços, Gustavo Amariz.

domingo, 17 de maio de 2009

A experiência do Dr. Marcos - Parte 2

Saudações, pessoal.
Segue a 2ª parte do conto que estou escrevendo (para quem não conferiu a primeira, clique aqui ):

A experiência do Dr. Marcos - Parte 2

10 anos antes...
São Paulo, 7 de setembro de 1997

Era dia da independência, o país estava em recesso. Alguns estudantes aproveitaram o feriado prolongado para viajar, outros preferiram descansar em casa e cuidar de seus afazeres. Pelas principais ruas da grande São Paulo, centenas de militares desfilavam, indiferentes à chuva forte que caía.

Na velha universidade da capital o movimento estava lento, apenas alguns funcionários e professores andavam pelo lugar, entre eles, Professor Marcos, famoso pelo seu inconfundível jaleco impecavelmente branco, que usava tão freqüentemente quanto o par de óculos retangulares. Caminhava acompanhado de um de seus alunos mais brilhantes, Roberto, um rapaz magro e um tanto pálido, com seu desgrenhado cabelo dourado balançando-se ao ar.

A passos apressados rumo ao laboratório de bioquímica, o professor analisa alguns relatórios da última experiência com ratos.

- Você notou esta anomalia? – Apontou com o dedo um trecho do papel que segurava

- Deixe-me ver... Ah, sim, isto foi um efeito colateral da substância que injetamos em um dos ratos. Nada grave, sacrificaremos o rato se algo der errado.

Marcos pigarreou e apertou mais os óculos contra os olhos. A idéia de sacrificar animais não lhe agradava nem um pouco.

- Como vão as experiência com o Gene Y alterado? – seus passos ecoavam no largo corredor

- Ah, praticamente os mesmos das experiências passadas, não tivemos muito progresso... Tem certeza de que isso pode nos ajudar com o desenvolvimento daquela substância? – Mesmo que não tivessem combinado formalmente, ambos sabiam que o experimento era secreto e que informações específicas não poderiam vazar, portanto limitavam-se a usar termos corriqueiros fora do laboratório.

- Certeza não tenho, mas tenho uma forte intuição... – A intuição de Marcos era conhecida entre seus colegas de trabalho. Mais de uma vez havia salvado todo o andamento de um projeto do grupo apenas sugerindo pequenas mudanças, como um cloreto de sódio aqui ou um ácido ferroso acolá.

Ao chegarem ao laboratório, acenderam a luz.Estava deserto, exceto pelos ratos e macacos nas jaulas, que ainda dormiam.

- Esse cheiro ainda me mata – Roberto fechou a cara. Detestava aquele cheiro forte de amônia que permeava o lugar.

- Com o tempo você acostuma. – Marcos colocou o relatório sobre a mesa de metal e foi até o computador mais próximo. – Agora... preciso de uma xícara de café.

O jovem se apressou em buscar café para seu professor. A cafeteira ficava próxima à mesa onde ficavam os tubos de ensaio, o fogão e os líquidos coloridos. Uma vez ou outra pensara em misturar no café algumas daquelas substâncias esquisitas, apenas para pregar uma peça no mestre.

- Com ou sem formol hoje? – Gritou da cozinha

- Hmmm... – Marcos não tinha tanto senso de humor. De fato, achava que isso fazia falta nos laboratórios, mas não gostava de ser interrompido com piadinhas quando estava concentrado no trabalho. – Traga de uma vez!

Roberto voltou com duas xícaras de café e entregou a Marcos a que tinha seu nome. Vestiu seu jaleco que deixara pendurado por ali na noite anterior e foi checar os animais com a prancheta em mãos. Realmente sentia-se cansado, trabalhara até tarde da noite, mas seu entusiasmo com o projeto superava a fadiga.

- Vá lavar o rosto e ajeitar esse cabelo – A voz de Marcos vinha ao longe, enquanto bebericava seu café e teclava – A Mônica vai chegar daqui a pouco.

Roberto sentiu um breve aperto no peito. Não gostava quando o professor mencionava sua colega de classe, Mônica. Apesar de tentar esconder, às vezes era óbvio seus olhares a ela.

- Muito engraçado professor...

- Ora... ela é uma gracinha... – disse, em tom casual - Se eu tivesse meus 20 de novo...

- Parece que está tudo bem com os animais – Interrompeu Roberto – A substância que injetamos causou uma sonolência, mas nada fora do controle até agora – anotou suas observações e foi ao computador ao lado de Marcos.

- Está se sentindo bem? – O professor aparentemente notara suas profundas olheiras e expressão cansada – Sua aparência está péssima.

-Ah... – Roberto esfregou os olhos – Só estou meio cansado... Mas estou bastante animado! – começou a beber seu café.

Marcos às vezes se surpreendia com seu aprendiz. Em mais de uma ocasião já o havia visto virando noites inteiras acordado realizando experiências, solitário no laboratório depois de todos terem ido embora e, mesmo quando tudo dava errado, ainda mantinha o bom humor. Toda aquela energia e determinação contagiantes não condiziam com seu aspecto frágil.

- Desse jeito ela nunca vai querer sair com você... – disse Marcos, em tom de deboche.

- Ela quem?? – Roberto quase cuspiu sua bebida, engasgando-se.

- Você sabe quem – Bebeu um longo gole de café – Acho que deveria convidá-la para sair...

O jovem enrubesceu. E isso era algo notável em sua pele pálida.

- Ah, não... Ela deve ter outros planos. Além disso, tenho que me concentrar nesse trabalho se quiser ganhar a bolsa de estudos.

- Bem lembrado. De qualquer forma, não vá trabalhar demais... - O professor estremeceu. Já tivera experiências traumáticas devido ao trabalho excessivo. Mais de uma vez fora parar no hospital por problemas cardíacos e uma vez esteve em coma por uma semana devido a complicações no tratamento do coração. Tudo isso em apenas trinta e poucos anos de vida.

Por alguns minutos ficaram em silêncio. Apenas o som das teclas era audível. Analisavam gráficos e cálculos de experiências passadas quando, subitamente, a porta do laboratório abriu com certa violência. Ambos olharam um tanto assustados naquela direção. Era Mônica.


Até semana que vem com a parte 3!

Abraços,

Jack Waters

sábado, 16 de maio de 2009

Pra pensar um pouquinho....

"As vezes achamos que fizemos coisas de menos, as vezes deixamos tudo o que nos aflinge tomar conta de nós, será que realmente vivemos e aprendemos?As vezes esperamos por coisas sem sentido, por coisas que podem perdurar por toda uma vida, mas quando se tem empatia tudo pode parecer apenas uma simples história contada em novelas, porém no que diz respeito à nossa alma, apenas ela realmente consegue sentir tudo o que se passa em nossas vivências, sejam elas felizes ou infelizes e ainda sim continuamos acreditando, ou ao menos tentando, em tudo o que poderia mudar nossas vidas em um determinado momento, e se por um caso isso for de tal intensidade, que seja eterno afinal"

Abraços, Gustavo Amariz.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mudando o mundo

Caros leitores, hoje venho mostrar-lhes um texto que demonstra que nós não devemos esperar quer as outras pessoas mudem o mundo. Este texto fala muito de amizade e vale apena ser lido.

"Um dia, quando eu era calouro na escola, vi um garoto de minha sala caminhando para casa depois da aula. 

Seu nome era Kyle. Parecia que ele estava carregando todos os seus livros. 

Eu pensei:

'Por que alguém iria levar para casa todos os seus livros numa sexta-feira? Ele deve ser mesmo um C.D.F'

O meu final de semana estava planejado (festas e um jogo de futebol com meus amigos sábado à tarde), então dei de ombros e segui o meu caminho. 

Conforme ia caminhando, vi um grupo de garotos correndo em direção a Kyle. Eles o atropelaram, arrancando todos os livros de seus braços, 
empurrando-o de forma que ele caiu no chão.

Seus óculos voaram e eu os vi aterrissarem na grama há alguns metros de onde ele estava. Kyle ergueu o rosto e eu vi uma terrível tristeza em 
seus olhos.


Meu coração penalizou-se! Corri até o colega, enquanto ele engatinhava procurando por seus óculos.

Pude ver uma lágrima em seus olhos. Enquanto eu lhe entregava os óculos, disse: 'Aqueles caras são uns idiotas! Eles realmente deviam arrumar uma 
vida própria'. 

 

Kyle olhou-me nos olhos e disse: 'Hei, obrigado'! 

Havia um grande sorriso em sua face. Era um daqueles sorrisos que realmente mostram gratidão. Eu o ajudei a apanhar seus livros e perguntei onde ele morava.

Por coincidência ele morava perto da minha casa, mas não havíamos nos visto antes, porque ele freqüentava uma escola particular. 

Conversamos por todo o caminho de volta para casa e eu carreguei seus livros. Ele se revelou um garoto bem legal. Perguntei se ele queria jogar futebol no Sábado comigo e meus amigos. Ele
disse que sim. Ficamos juntos por todo o final de semana e quanto mais eu conhecia Kyle, mais gostava dele.

Meus amigos pensavam da mesma forma.

Chegou a segunda-feira e lá estava o Kyle com aquela quantidade imensa de livros outra vez! Eu o parei e disse: 

'Diabos, rapaz, você vai ficar realmente musculoso carregando essa pilha de livros assim todos os dias!'.

Ele simplesmente riu e me entregou metade dos livros. Nos quatro anos seguintes, Kyle e eu nos tornamos mais amigos, mais unidos. Quando 
estávamos nos formando começamos a pensar em Faculdade.

Kyle decidiu ir para Georgetown e eu para a Duke. Eu sabia que seríamos sempre amigos, que a distância nunca seria problema. Ele seria 
médico e eu ia tentar uma bolsa escolar no time de futebol. Kyle era o orador oficial de nossa turma. Eu o provocava o tempo todo sobre ele ser um C.D.F. 

Ele teve que preparar um discurso de formatura e eu estava super contente por não ser eu quem deveria subir no palanque e discursar. 

No dia da Formatura Kyle estava ótimo. 

Era um daqueles caras que realmente se encontram durante a escola. Estava mais encorpado e realmente tinha uma boa aparência, mesmo usando óculos.

Ele saía com mais garotas do que eu e todas as meninas o adoravam! Às vezes eu até ficava com inveja.

Hoje era um daqueles dias. Eu podia ver o quanto ele estava nervoso sobre o discurso. Então, dei-lhe um tapinha nas costas e disse: 'Ei, garotão, você
vai se sair bem!' 

Ele olhou para mim com aquele olhar de gratidão, sorriu e disse:

-'Valeu'! 

Quando ele subiu no oratório, limpou a garganta e começou o discurso: 

'A Formatura é uma época para agradecermos àqueles que nos ajudaram durante estes anos duros. Seus pais, professores, irmãos, talvez até um 
treinador, mas principalmente aos seus amigos. Eu estou aqui para lhes dizer que ser um amigo para alguém, é o melhor presente que você pode lhes dar.Vou contar-lhes uma história:' 

Eu olhei para o meu amigo sem conseguir acreditar enquanto ele contava a história sobre o primeiro dia em que nos conhecemos. Ele havia 
planejado se matar naquele final de semana! Contou a todos como havia esvaziado seu 
armário na escola, para que sua Mãe não tivesse que fazer isso depois que ele morresse e estava levando todas as suas coisas para casa.

Ele olhou diretamente nos meus olhos e deu um pequeno sorriso. 

'Felizmente, meu amigo me salvou de fazer algo inominável!' 

 

Eu observava o nó na garganta de todos na platéia enquanto aquele rapaz popular e bonito contava a todos sobre aquele seu momento de fraqueza. 

Vi sua mãe e seu pai olhando para mim e sorrindo com a mesma gratidão. 

Até aquele momento eu jamais havia me dado conta da profundidade do sorriso que ele me deu naquele dia.

Nunca subestime o poder de suas ações. Com um pequeno gesto você pode mudar a vida de uma pessoa. Para melhor ou para pior. 

Deus nos coloca na vida dos outros para que tenhamos um impacto, uns sobre o outro de alguma forma."

Agora podemos pensar que algumas de nossas ações de agora podem mudar a vida de várias pessoas.

Romulo

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Pensamentos Peculiares ao redor do globo

Saudações, pessoal.
Foi com imensa satisfação e felicidade que conferi hoje que nosso humilde blog está recebendo visitas internacionais. Começou com a Espanha, depois Chile, México e EUA e agora recebemos até da China!


Apesar de saber que a maioria desses leitores só virá para ler uma coisa ou outra e depois ir embora, fiquei impressionado com a velocidade com que nossa popularidade está aumentando e gostaria de agradecer a todos por isto. De fato - e não querendo me gabar por isso - toda a equipe está trabalhando a pleno vapor para tornar o blog o mais interessante, útil e agradável possível e acreditamos que podemos crescer bem mais.

A entrada do Gustavo na equipe também nos proporcionou uma visão mais ampla e isso se refletirá no novo conteúdo que está por vir. Ele vai compartilhar suas poesias e pensamentos conosco e esperamos que todos gostem do que estamos planejando.

Gostaria também de agradecer ao Romulo por seu empenho e suas idéias e a todos os nossos amigos e leitores que nos apóiam.

Sem mais, a equipe do Pensamentos Peculiares deixa seu muito obrigado e um forte abraço a todos os que creem em nosso projeto e o tornam possível.

Abraços,

Jack Waters

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Conhecer o seu ser!

         Olá caros leitores, hoje vou fazer vocês refletirem um pouco. Hoje irei falar sobre o nosso ser, sobre como nós somos.

         Eu estou me decepcionando muito com as pessoas a minha volta, certas pessoas que ainda se salvam em meu conceito. Cada dia eu me pergunto sobre a superficialidade da vida cotidiana que muitas elas vivem, eu me pergunto: Qual é o motivo de tanta sede por dinheiro e poder? As pessoas não poderiam ser mais amáveis umas com as outras? Largar certos conceitos que as castigam, mas elas não percebem? Reclamam da vida, mas querem impor esta vida medíocre a todos os que estão a sua volta.

         Comecei a pensar sobre estes assuntos, e me veio à lembrança o livro de filosofia que eu estou lendo, chamado “Convite à filosofia”, numa passagem a escritora faz uma analogia entre o filme matrix e a filosofia, ela fala da escritura que o Neo encontra quando entra na sala do oráculo, uma analogia a inscrição que tinha na entrada do oráculo de Delfos na Grécia, que dizia:

                “Conhece-te a ti mesmo.”

        Esta frase me fez refletir que o único modo de entendermos as pessoas e o mundo que nos cerca é conhecermos a nós mesmos que com isso teremos mais mecanismos para poder tentar mudar e entender o mundo e as pessoas a nossa volta.

É uma pena que poucas pessoas têm uma visão filosófica do mundo, a maioria das pessoas vive em uma maquina social falando que filosofia é coisa de maluco, drogado e vagabundo. Quando na verdade a filosofia é o berço das ciências, novas ciências nascem a partir da filosofia.

Romulo

Ele, o homem


Austero e sem meias palavras,

ele indaga tudo o que está a sua volta,

ele não é capaz de aferir as suas convicções,



ele se entrega ao sentimento de pureza e desespero,

ele só consegue soletrar palavras de uma revolução .

Austero e sem meias palavras,

ele critica toda a irmandade enraizada na ambição,

ele quer porque quer uma carona para a frustação ,

ele ri de tudo taciturno da nossa situação,

ele está poético, vagando por entre linhas de fustigação.

Austero e sem meias palavras ,

ele gostaria de dizer a ti como é a felicidade em um esplendor,

ele viajaria ao som de um bolero hibernando em sua dor,

ele enlouqueceria num telejornal sem nenhum temor,

ele aceitaria acalentar a brisa soprada em seu amor.

Austero e sem meias palavras,

ele decide que nenhum por do sol será ulterior à sua juventude

mesmo porque ele estaria renegando gozar da sua liberdade,

preocupando-se demais com as tradições urbanísticas,

na surpresa de adormecer fazendo o bem sem olhar a quem.

Abraços,
Gustavo Amariz.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Apresentação

Bom, vamos lá!
Acabo de me integrar à este interessante blog, agora como autor, através do convite do meu amigo Jack Waters, na missão de ao menos toda semana postar algo por aqui. Me identifiquei muito com a proposta deste blog em publicar várias idéias, reflexões e muitas outras coisas sobre o nosso "cotidiano moderno", o que se torna realmente uma pesquisa diária pelo intuitivo de cada um de nós. Na medida do possível, vou tentando assim como os outros autores exprimir um pouco das minhas idéias, sejam elas através de um simples poema, uma grande reflexão ou por vezes uma pequena citação, via de regra, o importante é estar sempre executando o que julgarmos esplendoroso por nós neste blog, não importando a forma que isto será feito.
Então mãos à massa!!!
Abraços, Gustavo Amariz.

A Nova República Velha

Peguei-me pensando hoje em uma importante questão histórica que nos trouxe até o ponto em que estamos hoje, no Brasil: As oligarquias que dominaram o cenário político no início do séc. XX, no período conhecido como República Velha ou República do café-com-leite ou República das Oligarquias.

Era uma época em que a elite brasileira - os grandes latifundiários - disputavam entre si pelo poder regional nos diversos estados do país. Aqui no sudeste, como de praxe, esses senhores decidiram que sua visão de governo era a melhor para todo o país e seus interesses os movimentaram a lutar para chegar à presidência. Como perceberam mais tarde, negociar era bem mais vantajoso do que usar a força, então os estados de Minas Gerais e São Paulo chegaram a um acordo: ora um elegia um presidente à sua escolha, ora outro.

Tal prática ficou conhecida como Política do café-com-leite, que não tem nada a ver com o fato de São Paulo, na época, ser grande produtor de café e Minas de leite, como dizia a "tia" Lalá no ensino fundamental (Sinto muito ter que lhes fazer esta triste revelação , mas o nome desta política foi uma mera formalidade de historiadores. Perdoem-me pelos corações despedaçados).

A grande questão é que quase nenhum dos candidatos aos poderes locais e à presidência tinham propostas sérias ou sequer um ideal político, limitando-se a atender aos interesses das oligarquias que o apoiaram. O poder pelo poder. Muita imagem e poucas medidas. Nem discurso era necessário, pois as eleições eram fraudadas na cara dura e não havia necessidade de se conquistar o apoio do povo; O voto era de cabresto, ou seja, os senhores de engenho ordenavam seus trabalhadores a votar no candidato que eles queriam. Como o voto era aberto, era muito mais fácil controlar em quem se votava. Tudo isso contribuindo para dar total autonomia às oligarquias.


Trazendo para os dias atuais, muitos desses valores ainda permanecem inalterados. A prepotência dos estados do sudeste em querer impor sua visão ao restante do Brasil continua; as eleições fraudulentas ainda acontecem em alguns municípios; A falta de propostas e ideais ainda é uma triste realidade(em alguns casos é quase possível ler na testa do candidato que aparece na tv "Eu só quero seu dinheiro, trouxa"); em alguns lugares ainda existem os chamados "currais eleitorais", que nada mais são do que uma versão moderna do voto de cabresto. Todo o nosso sistema eleitoral é uma piada.

Em tempos de eleição, os candidatos trocam ofensas e calúnias entre si e ficamos sabendo mais fofocas acerca da vida pessoal dos sujeitos do que seu passado político e seus reais interesses.


Grande parte dos votantes é analfabeto funcional e/ou político, o que se reflete quando o candidato escolhido para governar é "o mais bonito" ou o que discursa com palavras difíceis (Sim, muitas pessoas acreditam que a aparência física é um grande quesito a se considerar na hora de escolher seu futuro presidente/prefeito/governador/senador/deputado); outra parte não está nem aí para essas questões e vota em qualquer um porque "político é tudo igual. Tudo ladrão" e outra simplesmente está completamente alienada. Apenas uma minoria vota com consciência, e uma parcela menor ainda cobra resultados depois das eleições. É mais fácil cruzar os braços e esperar que tudo caia do céu - e culpar o governo por não agir - do que pôr as mãos à obra.


Infelizmente, este é um ciclo vicioso que permanecerá ainda por muitas décadas, até que alguém dê a cara a tapa e resolva investir pesado em educação, conscientização e revolução.

Como disse Lima Barreto: O Brasil não tem povo, o Brasil tem público.

Abraços

Jack Waters

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Reflexões soltas II

Hoje acordei bastante instrospectivo e taciturno, ou seja, minha mente teoricamente está um terreno fértil para grandes idéias, mas não sei direito ainda em que pensar. Tudo me parece confuso e sem sentido, meu raciocínio está lento e minha pressão caiu muito minutos antes de eu me deitar para dormir ontem (o que é um eufemismo, porque eu praticamente desmaiei).

Sinto-me completamente perdido e penso que as pessoas são complicadas demais para se entender. Gostaria de pelo menos por um dia me isolar completamente, viver apenas com meus animais e em contato com a natureza, longe de toda gente, de toda preocupação, de toda responsabilidade.

Vontade de mochilar...

Quero poder alguma vez fazer o que realmente gosto, ser quem realmente sou, sem medo, sem repressões, sem ninguém me dizendo que estou errado e que deveria pensar e agir de outra forma.

A maioria das pessoas tem uma péssima mania de se esquecer que não nascemos com um manual de instruções nem projetados para nos encaixarmos em algum molde imaginário e que qualquer peça defeituosa deve ser descartada, visando o bom funcionamento da máquina social.

Desculpem pelo mau momento. Gostaria de compartilhar algo legal com vocês hoje, mas não estou em condições. Precisava escrever algo para não enlouquecer, apesar de não ter muito o que expressar. É isso, um artigo que começou e terminou sem idéias, sem lógica, sem fim. Apenas uma mente cansada e um Pink Floyd e Queen na vitrola. Aproveitando a deixa, acabo de ter a idéia de colocoar uma letra de música bem legal que sintetiza o que quero dizer e não consigo.



The Logical Song
(Supertramp)

Uma Canção Lógica

Quando eu era jovem
Parecia que a vida era tão maravilhosa
Um milagre, oh ela era tão bonita, mágica
E todos os pássaros nas árvores
Estavam cantando tão felizes
Oh alegres, brincalhões, me observando
Mas aí eles me mandaram embora
Para me ensinar a ser sensato
Lógico, oh responsável, prático
E me mostraram um mundo
Onde eu poderia ser muito dependente
Doentio, intelectual, cínico

Tem vezes, quando todo o mundo dorme
Que as questões seguem profundas demais
Para um homem tão simples
Por favor, me diga o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo
Mas por favor me diga quem eu sou

Eu digo:
Agora cuidado com o que você diz
Ou eles vão te chamar de radical
Um liberal, oh fanático, criminoso
Você não vai assinar seu nome?
Gostaríamos de sentir que você é
Aceitável, respeitável, oh apresentável, um vegetal!

À noite, quando todo o mundo dorme,
As questões seguem tão profundas
Para um homem tão simples
Por favor, me diga o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo
Mas por favor me diga quem eu sou
Quem eu sou, quem eu sou, quem eu sou


Pra completar, acabo de ser chamado de pseudo-intelectual de quinta e "bostão" no msn, completado com "tinha que ser metaleiro" por alguem que eu nem conheço. Depois dessa, vou repensar minha vida.

Abraços,

Jack Waters

domingo, 10 de maio de 2009

A experiência do Dr. Marcos - Parte 1

Saudações, Pessoal.
Hoje venho lhes trazer a 1ª parte de um conto de suspense que estou escrevendo e pretendo postar semanalmente (aproveitando os fins de semana, quando minha criatividade fica estéril.)
Espero que gostem!


A experiência do Dr. Marcos

Marcos parou ofegante no beco escuro, suando. A corrida desesperada até ali foi um castigo para o seu corpo sedentário. Estava tenso. Sabia que não poderia ficar ali para sempre, e logo aquela criatura o alcançaria.

A rua estava deserta e fria, o medo da morte iminente o tomou por completo. Tentava desesperadamente silenciar seu pânico, mas era em vão.

Ouviu passos ao longe, ecoando. Sentiu seu coração parar por um ou dois segundos. Suava frio. Os passos se aproximavam lentamente; sabia que a coisa estava à sua procura. Precisava pensar em uma forma de fugir dali, sua vida dependia disso. Avaliou suas possibilidades; Olhou ao redor. A antiga rua daquela região esquecida era estreita e escura, um único poste de luz ao longe mal iluminava o lugar. Havia uma leve neblina, o que lhe poderia ser uma pequena vantagem para escapar.

Os passos estavam cada vez mais próximos; ouviu um grito apavorado de um gato. Ao longe, cães latiam alto. Estava só. Só com a besta, ninguém para pedir socorro. Pensou que, se morresse ali, ninguém ficaria sabendo. Lembrou-se por um breve momento de Elisa, sua ex-esposa, e de como foram maravilhosos aqueles dias em que estivera a seu lado... Maldita decisão de mudar o laboratório para aquele lugar!


Um grito rouco e agudo partiu de onde vinham os passos e percorreu sua espinha, arrepiando-lhe os cabelos da nuca. O ruído assemelhava-se a um uivar de um velho lobo moribundo. Marcos tremia bastante e batia os dentes, sem controle sobre seu corpo. Arriscou dar uma espiada discreta. Aproximou os olhos do fim da parede e olhou para a rua.

Contemplava agora a visão mais terrível de sua vida: Uma criatura disforme, meio humana e meio animal estava parada, agachada próxima a uma lata de lixo, procurando algo. Tinha alguns poucos pêlos muito compridos e negros ao longo dos membros e dentes protuberantes que lhe saíam à boca. Seu corpo era curvado para frente, sua pele era escura e seus olhos, escarlates. De seus finos lábios escorria uma espessa camada de sangue, que pertencera a um ser humano.


Marcos prendeu a respiração. Era sua chance de escapar. Aguardou pelo momento certo, certificando-se que a criatura não se viraria para trás. Silenciosamente, abandonou o lugar que estava, rumo ao próximo beco, um pouco mais distante.

Só liberou o ar dos pulmões após conseguir chegar lá, com as pernas trêmulas. O lugar tinha cheiro de urina velha de rato. Sentiu um grande alívio por conseguir se afastar da criatura sem ser notado. Tinha agora uma esperança de sair dali com vida.

Espiou mais uma vez pela parede; a figura ainda estava lá, revirando o lixo. Aproveitou para arrumar seus pensamentos. Péssima decisão. Não conseguia tirar da cabeça aquela imagem trágica do frasco de vidro contendo o vírus estilhaçado no chão de seu laboratório e a inquietação dos animais em suas jaulas, enquanto a bizarra mutação acontecia; A fúria da criatura ao se libertar da jaula e seu cruel ataque à jovem Mônica.


Parou por um segundo. Sentia uma forte culpa, mas sabia que não era hora para isso. Tentou afastar esses pensamentos e buscar uma forma de fugir. Se saísse correndo, a besta o alcançaria. Precisava de um plano, mas suas opções estavam se esgotando. Mais um grunhido agudo ao longe. Tinha que sair dali agora. Examinou os bolsos de seu jaleco, então encardido, em busca de qualquer coisa que pudesse ajudar. Encontrou seu pequeno revólver previamente carregado. Havia se esquecido completamente da arma durante a fuga. Soltou um suspiro de alívio, imaginando que estaria a salvo, agora que podia pôr um fim a tudo isso.

Hesitou por um instante ao pega-la. Lembrou-se de como tudo aquilo aconteceu, de todos os sacrifícios e frustrações que sofreu até aquele ponto. Não, definitivamente não poderia destruir a sua única forma de recuperar tudo o que perdera na vida, sua única forma de ser reconhecido e respeitado. Guardou a arma no bolso e pôs-se a pensar em outra forma de fuga.

Os passos recomeçaram a se aproximar, agora mais rapidamente. Marcos estava encurralado, sentia as portas se fechando ao seu redor. Não tinha outra opção, em breve a criatura o encontraria. Sacou seu revólver e espiou mais uma vez pelo canto da parede. De perto, a coisa era enorme; andava ereta agora, ligeiramente curvada nos ombros. Parecia ter mais de 2m. O doutor deu-se conta que sua arma não seria capaz de deter o monstro, mesmo que quisesse.

Sentiu-se novamente impotente e voltou a se desesperar. Quando a criatura já estava próxima o suficiente para que ele sentisse seu hálito quente, fechou os olhos e disparou para cima duas vezes. Mais um grito agudo seguido de passos apressados.

Ficou imóvel naquela posição pelo que pareceram horas, de olhos fechados. Estava gelado. Alguns instantes depois percebera que tinha prendido a respiração e agora respirava ofegante. Definitivamente não tinha mais idade para isso. Reinava um silêncio sepulcral. Hesitou por um momento e arriscou-se a dar uma espiada. Seu corpo tremia. Cautelosamente, olhou a rua e, para seu espanto, estava deserta. Era sua chance!

Atirou-se a correr, com a arma empunhada, sentindo o sabor de encarar a morte de frente e sair vitorioso. Pelo menos, é o que pensava...

Até semana que vem com a parte 2!

Abraços,

Jack Waters

sábado, 9 de maio de 2009

Reflexões sobre o Eu

Olá meu amigos, hoje irei fazer uma reflexão bem breve para não perder o habito de postar aqui no blog.

Hoje dia 9 de maio de 2009 eu faço 19 anos, e sempre que estou comemorando aniversário me vem um pensamento: Quem sou eu? Vou tentar resumir os pensamentos que eu tive sobre esta perguntas

Quem sou eu?

Para mim uma das perguntas mais complexas da filosofia, tentar expressar em apenas uma resposta um indivíduo tão complexo que nem a ciência o conhece por inteiro. Se eu fosse como muitos por ai eu responderia que eu sou Romulo tenho 19 anos... Mas como eu não sou bem assim quero responder esta pergunta na sua essência.

Bom sou um ser pensante, um ser que tenta buscar respostas das mais variadas para as perguntas mais enigmáticas, para uma pessoa tentar me entender primeiro ela tem de entender a si mesma, com isto ficaria muito fácil de me entender, a cada ano que vou ficando mais velho me vejo caindo neste ciclo vicioso que é a vida de todos que nos cercam, vejo que a filosofia e a religião são as únicas formas de eu me safar deste mundo onde parece que todos os outros só escutam o que querem ou só querem ver o que da mais dinheiro ou o que lhe é mais bonito.

De certo eu já tenho me acostumado com a idéia de ter que conviver com pessoas que não entendem meu modo de pensar, mas eu sei que existem pessoas que podem entender tudo o que eu sinto. Sei que estou fugindo um pouco do tema, mas isto soa como um desabafo e eu precisava escrever isto, senão estas palavras vão me consumir.

A cada dia que passa eu estou mais certo de que eu sou um ser pensante, mas alguns dos leitores podem se perguntar: “Mas todos nós somos seres que pensam.”, mas eu vejo que as pessoas são seres que pensam só na teoria, ou seja, somente falam que pensam por serem seres humanos, mas que na verdade somente vivem na mesma vida que colocam para eles viverem. Pelo menos eu sei que por muito tempo da minha vida eu passei dentro a ignorância do não pensar, mas agora que descobri uma nova forma de ver o mundo eu posso viver a pensar em questões jamais pensadas por mim antes.

Sei que pelo menos esses últimos três anos me serviram muito bem para eu começar a ver o mundo de outra forma de uma maneira filosófica. Dá para perceber que esta não é uma pergunta fácil de responder, mas em algum dia eu irei conseguir responder.


Romulo

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pare o mundo que eu quero descer

Saudações, pessoal.
Já faz alguns dias que venho pensando se estou ficando velho precocemente, apesar dos meus quase 20 anos. Explico. Sou, como diz a música, apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior, trazendo muitas idéias e músicas na cabeça. Pertenço a uma realidade estreita de uma cidade pequena e ingênua, "tão distante do horizonte do país", portanto, as novidades que ocorrem no restante do mundo chegam aqui com atraso e não temos muita informação a respeito.

Para se ter uma idéia mais clara, usarei um exemplo: Ano passado viajei para Belo Horizonte por uns dias para tentar o vestibular da UFMG e fiquei hospedado no apartamento de um amigo meu. Fiquei impressionado com tantos aparatos tecnológicos que encontrei por la, que parece ser de uso comum das pessoas da cidade, como pendrives de alta capacidade, notebooks com tela sensível ao toque e identificadores de digitais, internet sem fio de alta velocidade, rede wi-fi, etc.

Quantas maravilhas da ciência! E as novidades nao pararam por aí. Fui a uma farmácia ali perto, onde encontrei uma moderna balança digital que também aferia a pressão e informava seu índice de massa corporal . A princípio aquilo me parecia um nave espacial de tão complexa e demorei um tempo para entender suas funções. Realmente impressionante! Em seguida fui ao shopping, para andar à toa por lá (na minha cidade não tem shopping, então já devem imaginar como fico igual a uma criança quando vou a um). Algo que sempre me impressiona nesses lugares é a quantidade e o tamanho das salas de cinema. Por aqui só existe um cinema, com uma única sala e que os filmes levam de 2 semanas a meses para chegar, depois da estréia mundial (o que reforça minha teoria de que minha cidade não faz parte do mundo), na maioria das vezes só em versão dublada e apenas em 2 horários por dia.

Aproveitei as ofertas de BH e comprei um pendrive de 4gb por 30 reais (por aqui, não sai a menos de 60), um mp3 e um pente de memória de 512mb por R$34 (o mesmo pente custa R$90 aqui). Realmente neste setor é tudo muito barato por lá. Voltei para casa abafando. Enquanto lá era praticamente redundante ter um pendrive, por aqui quase ninguem tem.

Em outra viagem recente a Niterói/RJ, conheci magníficos teatros e tive oportunidade de assistir a peças maravilhosas; também visitei o museu Niemeyer e foi absolutamente incrível! O único teatro da minha cidade quase nunca tem apresentações (apesar de agora estar dando uma melhorada). Nunca senti muita falta desses recursos até ter contato direto com eles e é neste sentido que às vezes me sinto deslocado e um tanto retrógrado.

Como disse anteriormente, as novidades por aqui chegam atrasadas e nossa principal fonte de comunicação com o restante do mundo é a internet e a televisão. Como só sabemos vagamente o que se passa la fora, ficamos presos a um passado de mudanças lentas. O povo ainda carrega muitos valores antigos e religiosos. Eu mesmo, ultimamente, tenho tido uma tendência a rejeitar as novidades e me prender ao obsoleto.

A maioria das bandas de rock que curto são dos anos 60 aos 90, com apenas uma ou 2 dos anos 2000; adoro música clássica e mpb e samba pra mim, só de raiz. Sem contar que troquei meu aparelho de som de cd por uma vitrola da minha avó, com 2 caixonas enormes de madeira e muitos discos (depois de ouvir o som do vinil, não quero nem mais saber de mp3) e agora inventei de querer um despertador daqueles antigos, que não funcionavam a pilha e tinham 2 "sininhos" em cima. Por algum motivo o retrô sempre me fascinou.


Ahhh, como isso é bom!

Tudo isso reforça minha idéia de que estou ficando ultrapassado. Preso a um saudosismo, não me interesso por quase nada que seja novo, principalmente em relação a filmes. Repudio as mega produções hollywoodianas e prefiro os clássicos, de no máximo até o início deste século. Adoro os de Charles Chaplin, Stanley Kubrick e os de ficção científica de Steven Spielberg. Ainda não vi Transformers, Hulk, Velozes e Furiosos, Homem Aranha 3, Eu sou a lenda, nem afins (e não tenho a menor pretensão de assistir).

No mundo virtual também me sinto deslocado. Não sei o que é Twitter, Myspace, Second Life, Flickr, nem nenhuma comunidade virtual além do orkut; Blogs, só acesso um ou outro e ainda uso o mIRC para conversar com meus amigos.

Gosto de carros antigos e de livros usados; meu pc está ultrapassado há mais de 5 anos e não pretendo trocá-lo tão cedo e acho que os novos desenhos e programas que passam na tv são enjoativos, vazios e puramente com fins comerciais. Não se faz mais brinquedos como antigamente e as brincadeiras de muleque na rua se transformaram em atividades sedentárias diante de uma tela. Em tempos de crise, pergunto-me porque não adotar a política do New Deal e tenho horror a tudo que tenha como prefixo o "Neo" (neoliberalismo, neopopulismo, neometal, neoprogressivo, neopentecostal, neoetc.).

Nossa época é estéril para a criatividade e fértil para os clichês. O mundo gira cada vez mais rápido e sinto-me como uma pedra no fundo do rio, que se recusa a seguir a correnteza. Por favor, parem tudo que eu quero descer...

Abraços,

Jack Waters

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ensaio sobre a solidão

Muitas pessoas não gostam de ficarem sós, enquanto outras, por diversos motivos, abraçam sua solidão de corpo e alma. Todos nós, entretanto, sentimo-nos diversas vezes solitários, mesmo no meio de uma multidão. Por que temos tanta necessidade de estarmos ligados a um grupo, mesmo que, às vezes, não nos encaixemos nele?

Vivemos em um mundo capitalista e globalizado, que significa que as pessoas trabalham juntas, convivem de diversas formas, encontram-se frequentemente, conversam, namoram, divertem-se, riem e choram juntas, mas, ao mesmo tempo, cada uma está lutando para garantir a própria sobrevivência, em detrimento dos outros. Parece paradoxal e de fato é. As barreiras que nos dividem fisicamente estão cada vez menores, no entanto, a humanidade ainda está longe de uma união fraternal.

Os meios de comunicação e de transporte nos têm aproximado, mas apesar de tudo, sentimo-nos cada vez mais distantes. Nossa necessidade íntima de estarmos juntos, fazendo parte de algo maior, é a base de toda religião, sociedade, clubes, comunidades, "panelinhas" e ação social. O ser humano tem a tendência de criar grupos menores dentro de grupos maiores, compartilhando solidões de forma a minimizar a sua própria.

Caminhando no sentido oposto, alguns de nós - e eu me incluo nesta categoria - são naturalmente solitários e gostam de preservar sua solidão. No meu caso, diria que grande parte do que sou - que são minhas idéias - surgiu em meio a devaneios e reflexões solitárias. Como disse Sócrates, sabiamente: A filosofia não é possível enquanto o indivíduo não se voltar a si mesmo. Tinha razão. A solidão nos obriga a pensar, a passar um tempo com nós mesmos, a nos avaliar e a nos conhecer (esta, aliás, é a idéia por trás da imagem do blog, de um homem solitário a fitar o horizonte infindo) e isso pode assustar as mentes desacostumadas.

Algumas pessoas me vêem como um cara taciturno, solitário. Em partes, isso é verdade. Não diria que sou triste, apenas não sou feliz o tempo todo. Dou-me o direito de estar alegre, pensativo ou abatido quando realmente estiver me sentido assim, justamente por respeitar meu estado de espírito nas diversas circunstâncias. Muitos não se dão conta, mas fingir para si mesmo e para os outros de que tudo está bem e que estamos sempre contentes é uma tortura para nossa mente. Não é de surpreender, a sociedade muitas vezes nos cobra isso. Temos que estar sempre bem e felizes diante dos outros, mas choramos escondidos quando estamos sós.



Quando confrontados com nós mesmos, não é preciso fingir. Está tudo bem sentir-se mal, afinal somos seres humanos que sentem e pensam e é natural nos sentirmos deslocados e melancólicos.

No entanto, não é fácil ser solitário. Não é fácil abandonar o resto do mundo , isolar-se das pessoas temporariamente, ter um espaço só seu, para pensar e ser um pouco mais humano e não mais uma máquina social, que age fingindo sentimentos e idéias. Experimente tentar ficar só durante um tempo e verá que sua família, amigos e até mesmo outras pessoas que você mal conhece logo vão tentar te "animar", tentar te trazer de volta ao grupo, ao convívio dos seus. Este é já um comportamento tão entranhado em nossa sociedade que acaba por ser tornar um ciclo vicioso.

O grande problema é que, se estamos sempre juntos de alguem, não temos tempo para pensar e isso nos leva à alienação e à infelicidade, por não nos conhecermos. Não sabemos quem somos, o que nos faz feliz, se estamos mesmo levando a vida que sonhamos, se realmente gostamos do que achamos que gostamos, etc. Temos um vazio interior que buscamos preencher de toda forma, seja consumindo bens materiais, seguindo modas ou adotando comportamentos e pensamentos alheios. Buscamos nos encaixar, mas nos esquecemos que o primeiro passo (e mais importante) é o auto-conhecimento, ou seja, sabermos quem somos e do que gostamos; sabermos qual o nosso papel no mundo e o que podemos fazer para sermos cada vez melhores. Daí a frase Conhece-te a ti mesmo.

Não é uma tarefa fácil, mas a recompensa vale o esforço. Prezo enormemente pela minha solidão - o que não quer dizer que não prezo também pelos meus amigos - e, apesar de parecer distante, um tanto louco e talvez triste, sou apenas o que me permito ser: um ser humano, demasiado humano, com todo o amor do mundo para compartilhar, começando pelo mais importante: o amor próprio.

Detesto quando alguem me tira a solidão, sem necessariamente me oferecer compania. - Nietzsche

Obrigado por compartilharem mais um tempo de suas vidas comigo.

Abraços,

Jack Waters

Convite!

Olá meus caros leitores, para o post de hoje eu estava pensando em escrever alguma coisa sobre os sofistas, mas resolvi fazer uma coisa bem melhor. Irei fazer um convite à filosofia.

Muitos que lêem este blog não pensam em algumas questões elementares que muitos de nós deveríamos fazer para poder entender o mundo ou entender a si mesmo. Filosofar, para muitos é coisa de quem não tem nada o que fazer, pois a sociedade tem uma visão de que o esforço físico é sinal de honra e trabalho. Será que o pensar, refletir e questionar é uma coisa tão insignificante que deveria ser deixado de lado?

Quero que cada pessoa que está lendo este blog agora reflita um pouco sobre uma única questão que eu li num livro de filosofia e que me deixou a refletir por muito tempo e as vezes eu me pego pensando sobre esta pergunta. Quem é você? Muitos vão responder coisas como: Meu nome é Maria ou João... mas será que você é mesmo este indivíduo?

Será que você não é uma máquina alienada que vive no “cotidiano da vida moderna”, que alias é um termo que esconde a alienação em umas palavras bonitas. Será que você é um ser pensante? Um ser toma suas próprias decisões ou deixa que esta máquina de repetições tome por você?

Filosofar é mais que apenas questionar, é ver o mundo de outra forma, ver o mundo sem aceitar como as coisas erradas que existem nele, filosofar é o primeiro passo para poder ver se as coisas são realmente certas ou se são realmente erradas, a cada pensamento, a cada reflexão se descobre a verdade sobre cada indivíduo, quando se vê uma notícia não temos mais aquele olhar de que aquilo é normal, vemos que aquilo é apenas uma manipulação.

Hoje em dia temos filosofia no ensino médio, mas é uma filosofia tão manipulada que faz com que as pessoas não gostem de filosofia, isto é de propósito para ninguém poder pensar, ninguém questionar, porque às vezes quando nos é colocada alguma afirmação como verdade absoluta um simples “porque” pode acabar com esta “verdade”.

Para todos que gostam do que leram neste post eu recomendo que leiam o livro “O mundo de Sofia”, que para mim é um dos melhores livros para quem está começando a trilhar os caminhos filosóficos, este livro conta de uma forma bem legal a história da filosofia, muito boa à leitura deste livro. Bom vou terminando por aqui e deixarei uma frase que em alguns post’s eu escrevi sobre o que ela diz na minha visão.

“Penso, logo existo” René Descartes

Leiam o post do Jack sobre o mito da caverna para ver um pouco mais do que eu estou falando.


Romulo

terça-feira, 5 de maio de 2009

Resenhas do mês de maio

Saudações, pessoal.
Neste mês de maio trago a vocês a nova seção do blog, Resenhas do mês, que trará uma seleção mensal dos melhores filmes, discos e livros que eu já tive a oportunidade de conferir. Como eu adoro compartilhar boas obras com meus amigos, fico feliz em trazer essas sugestões a vocês. Obviamente, são opiniões minhas e não representam a verdade absoluta, portanto, muitos podem não concordar ou sugerir outros nomes a serem destacados.

As obras indicadas ficarão à mostra por todo o mês no quadro à direita, entitulado Sugestões do mês.

Como não sou nenhum crítico profissional, limitar-me-ei a sugerir algumas obras que eu gostei bastante e fazer um breve resumo sobre cada uma. Este mês, estreando com chave de ouro, teremos Beatles e Júlio Verne na mesma lista. Vamos lá!

1. Filme: Forrest Gump - O contador de histórias


Sensacional! Este é um dos melhores filmes que eu já vi na minha vida. A história é a de um rapaz franzino um tanto lunático que conta sobre sua vida desde a infância até a idade adulta para qualquer pessoa que se sente próxima a ele num banco em um ponto de ônibus.

O mais incrível são as experiências que ele relata, passando pela guerra do Vietnã, o movimento hippie, entre outros episódios da história dos EUA nos anos de 1960 até 1990, além de toques de humor, romance e ficção. É um daqueles filmes que nos fazem compartilhar a dor e as alegrias da personagem principal e desejar que não termine mais. Uma excelente pedida para atender a todos os gostos e a certeza de um ótimo filme. Recomendadíssimo.


2. Livro: Viagem ao redor da lua - Julio Verne



Um clássico imperdível de Júlio Verne para os amantes de ficção científica, Viagem ao redor da lua conta a história de um grupo de empreendedores que constróem, em pleno séc. XIX, uma nave espacial para visitarem nosso satélite natural. O mais incrível da história é que Verne previu com uma exatidão monstruosa os fatos que, mais de 70 anos depois aconteceram no mundo: ele previu que os norte-americanos seriam os primeiros a mandar homens à lua, previu em que lugar seria instalada a base de lançamento e porquê.

A base teria que ser instalada a uma latitude mais próxima possível da linha do Equador, onde a força centrífuga seria maior, proporcionando uma força extra ao projétil ao ser lançado para fora da atmosfera terrestre, e os 2 melhores lugares nos EUA para tal seriam o estado do Texas e a Flórida.
No livro, os cientistas preferiram a Flórida por ser uma península(um pedaço de terra cercado de água por todos os lados, exceto por um), portanto, caso houvesse algum acidente no lançamento, os destroços da nave cairiam no mar. Estes foram exatamente os mesmos motivos que levaram a NASA, muitas décadas depois, a se instalar neste estado. Genial!!

O cara também previu que, ao retornar à Terra, a nave com os tripulantes cairia no mar, como aconteceu com a nave Apollo 11, na primeira viagem à lua.

Enfim, um prato cheio a todos os amantes do gênero e também aos que apreciam uma boa leitura.


3. Disco: Revolver - The Beatles


Este disco foi um divisor de águas na carreira dos Beatles, trazendo inúmeras inovações em relação aos álbuns anteriores. A começar pelas letras das músicas, que deixaram de ter como tema frustrações amorosas ou clichês como "ela te ama", "eu te amo", "só penso em você", etc. Agora as letras eram mais amplas e profundas, com toques de filosofia oriental, também muito presente na parte instrumental, que, por sinal, está impecável.

Alguns elementos inovadores foram misturados, como o solo de guitarra invertido na música I'm only sleeping, a cítara e o clima oriental na música Love You to, os diversos efeitos sonoros misturados na música Tomorrow never knows, como trechos de orquestras e aplausos. A famosíssima Yellow Submarine também está presente neste álbum.

É um disco que mistura belas canções com o puro rock 'n roll sessentista e um caldeirão psicodélico, feito com a qualidade digna de um dos mais geniais grupos de rock de todos os tempos. Sem dúvida uma grande obra. Garanto que mesmo quem não gosta do estilo pode se identificar com este álbum. Vale a pena conhecer.


Bem pessoal, por hoje é só. Até mês que vem com mais Resenhas do mês.

Abraços,

Jack Waters

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nova cara do blog

É isso aí pessoal, como vocês talvez tenham notado, estou reformando o visual do blog. A mudança visa facilitar a leitura, tornando-o mais limpo, vivo e agradável ao olhar. Ainda está em fase de experimentação, portanto toda crítica, sugestões e/ou elogios serão bem-vindos.

Conforme aprendo sobre as ferramentas do blogger, vou acrescentando mais coisas, de forma que o PP seja, ao mesmo tempo, útil, bonito, interessante e simples, sem exageros.

Aguardem surpresas!!


Jack Waters

domingo, 3 de maio de 2009

O mito da caverna

Olá a todos.
Gostaria de compartilhar com vocês hoje um texto do filósofo grego Platão, que foi o responsável por me fazer amar a filosofia e querer me tornar um filósofo. Este texto, quando eu o li em meados de 2005, despertou em mim uma paixão à primeira vista e até hoje é a idéia mais profunda, linda e interessante que eu já vi.

Garanto que todos os que não conhecem e curtem filosofia vão gostar também, então, segue o texto:

O MITO DA CAVERNA

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabaça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.

A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.

Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.

Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.

Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.

Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.

Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.

Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.


Uma pequena análise minha sobre o mito:

O que é a caverna? O mundo em que vivemos.

Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.

Que são os grilhões? Nossos hábitos, preconceitos e nossa ignorância.

Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo.

O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.

O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade.

Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética.

O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia.

Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.


Abraços,

Jack Waters