terça-feira, 25 de agosto de 2009

O que é RPG?

Dia desse, um amigo me perguntou porque a grande maioria dos jogadores de RPG que ele conhece (eu incluso) se interessam pela área de humanas (nos cursos de faculdade). Esse meu amigo não joga e tem curiosidade em aprender. Achei a pergunta muito interessante e dei uma resposta, baseada nas minhas experiências como jogador e amante da filosofia, que considero relevante compartilhar.


Antes de tudo, é importante salientar que o rpg não é um jogo de assassinos ou adoradores de algum demônio; não envolve apostas e não há vencedores ou perdedores. R.P.G. - sigla em inglês para Role Playing Game (Jogo de interpretação de papéis) - é, como o próprio nome diz, um jogo de interpretação, em que um grupo formado por jogadores e um narrador se reúnem para se divertir usando a imaginação.

Os jogadores criam para si personagens, desde seus traços físicos até sua personalidade, suas peculiaridades e sua história e o narrador cria todo um mundo ao redor dessas personagens, descrevendo os eventos que acontecem e as consequências de suas ações.

É, em suma, como um teatro ou um filme imaginário, em que cada um é livre para fazer o que quiser dentro de um mundo de fantasia, inteiramente responsáveis por seus atos.

Exemplo simples:

Narrador: Você acorda em sua cama com um estrondo ensurdecedor vindo de algum lugar próximo de sua casa.

Jogador: Eu me levanto depressa, assustado, e vou até a janela dar uma olhada ao redor.

N.: Seus olhos doem por alguns segundos devido à claridade, mas depois de alguns segundos você enxerga, ao longe, um caminhão batido contra um poste. Faça um teste de percepção.

*O jogador rola os dados e obtém sucesso*

N.: Beleza, você vê, dentro da cabine do caminhão, que o motorista está desacordado, caído sobre o volante.

J.: Eu pego meu celular e ja vou correndo até o lugar, ligando para os bombeiros.

N.: Enquanto você corre até o local, alguns curiosos começam a se aglomerar ao redor do acidente. Ao chegar, alguns o olham com o celular na mão, apreensivos. Todos parecem horrorizados com a cena. Uma velhinha abafa o grito com a mão.

J.: Como está o motorista?

N.: Agora, de perto, você vê que ele tem um ferimento na cabeça que está sangrando feio. Fora isso, tudo bem...

(...)

Através daí, a aventura vai se desenrolando. A essência de todo rpg está na história, na imaginação e na interpretação. Os sistemas de regras variam, mas o núcleo é o mesmo. Não se trata de vencer ou perder, mas de jogar, de buscar soluções para problemas, de se aventurar, de lidar com obstáculos e com o inesperado; de interagir, de dialogar, enfim, de se divertir.

As possibilidades são praticamente infinitas: É possível jogar em qualquer época, mundo e contexto que se possa pensar, sem compromisso com a verossimilhança. Você pode ser um cavaleiro medieval, um desbravador do espaço, um investigador da polícia, um jovem e brilhante estudante de economia, enfim, o que quiser.

Penso que o motivo de grande parte dos jogadores flertar com a área de humanas - seja com intuito de cursar uma faucldade ou simplesmente se interessar por ler livros de sociologia, psicologia, filosofia e outras - esteja no fato de que o rpg estimula a criatividade, a amizade, a redação (muitas vezes os jogadores escrevem a história de seus personagens), o gosto pela história, o raciocínio lógico e filosófico e o comportamento humano.

Basicamente é isso. A todos os que se interessam em jogar mas, por algum motivo, tem medo, sugiro que deixe o preconceito de lado e experimente. É bem mais simples, divertido e inofensivo do que parece.

Em breve, publicarei o roteiro de uma aventura que estou planejando narrar para o meu grupo. Até lá!

Abraços,

Jack Waters

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