segunda-feira, 20 de abril de 2009

Reflexões soltas

Hoje, depois de muito tempo, resolvi atualizar este blog. Talvez porque ainda não abandonamos completamente o projeto e eu realmente gostaria que fosse levado adiante, talvez porque eu esteja precisando mesmo escrever algumas idéias para aliviar um pouco a mente, um desabafo. Pensei em começar um novo blog, com mais liberdade e maior responsabilidade, mas desanimei. Este aqui é meu também e merece empenho de minha parte. Além disso, a net está saturada de blogs e me lançar sozinho neste oceano agitado exigiria mais de mim do que posso oferecer.

A verdade é que eu tenho sérios problemas para terminar o que começo - o que já foi refletido aqui, na série "Em busca da ascensão social" que comecei a escrever e desanimei de continuar já na 2ª parte. Talvez um dia eu continue. - e me imagino se outras pessoas sofrem deste mesmo mal. Aliado a isto, este ano meu tempo tem sido realmente escasso, o que nunca me acontecera antes, em 19 anos de vida (penso que estou começando a ficar velho). Essa vida adulta me esgota. É trabalho, estudo, namoro, pressão da família e dos amigos para passar no vestibular, medo de não conseguir, sérias dúvidas sobre o meu futuro, enfim, muita coisa para me tirar a tranquilidade, que sempre me foi característica.

Apesar de tudo, tenho que admitir que o ano está correndo muito bem para mim. Se por um lado o trabalho é meio maçante, por outro, finalmente estou fazendo meu próprio dinheiro e arrumando alguns detalhes que há muito empurrava com a barriga. Ganhei um toca-discos da minha avó e pude comprar vários discos (enquanto escrevo, ouço Led Zeppelin e David Bowie); também me possibilitou viajar para ir a shows das minhas bandas favoritas. Já fui a Belo Horizonte em março para assistir ao Iron Maiden, fui ao Rio em abril para assistir ao Kiss e já estou guardando meu salário para ir em maio assistir ao Heaven and Hell, que ainda não decidi se vou ao Rio ou a BH; tudo isso com meu próprio dinheiro (é ótimo poder viajar sem precisar pedir dinheiro à mãe). Além dos discos, comprei uma memória adicional para meu pc, um mp3, livros e bobagenzinhas aqui e ali. Em suma, estou organizando aos poucos o meu ambiente, meu lar.

Trabalhar também me ajudou a me livrar daquela sensação mórbida de estar sendo um peso morto, um completo inútil sem propósito ou razão de ser na sociedade. Agora eu me sinto velho e cansado, mas - parafraseando Raul - fazendo a minha parte para o nosso belo quadro social.

Apesar de tudo, ainda encontrei tempo para dedicar aos meus amigos, aos meus livros, ao meu relacionamento, aos meus estudos; Voltei a jogar rpg regularmente, separo umas 2 horas por dia para estudar e outras 2 para namorar e já estou terminando meu 5º livro do ano.

Você deve estar se perguntando o porquê deste relato. Bem, não tenho uma razão específica para escrevê-lo, apenas me peguei refletindo na imagem do blog e me senti como o senhor da foto, sentando sozinho no banco a contemplar o vasto horizonte num dia cinza, desses que a gente acorda meio introspectivos por natureza.

Refletindo sobre meus dias, minhas angústias, minhas experiências, minhas alegrias, meus amores e temores. Estou envelhecendo. Estou a um passo de completar os 20 anos e não tenho certeza se viverei outros 20, ou se aproveitei o máximo que pude o tempo que passou; tudo é incerto e confuso. Meu futuro está fugindo às minhas mãos. Já não sou dono dos meus sonhos, das minhas motivações, da minha vida. Faço o que me eles mandam fazer, adoto os sonhos e ideiais que eles querem que eu tenha e ajo da forma que esperam que eu aja. Ironia do destino... nunca pensei que minha mente seria comprada por tão baixo preço. Até mesmo o conforto de ficar triste, solitário, reflexivo me está sendo aos poucos tirado e eu tenho que estar feliz e submisso sempre.

"Quem são eles? Quem eles pensam que são?" Não sei ao certo dizer... Todo mundo e ninguém, ao mesmo tempo.

Minha cabeça, já cansada de lutar e trazendo suas feridas de batalhas, quer apenas se encostar em qualquer lugar e ali estacionar, aceitando tudo, impassível. Espero que isso nao se realize. Minha filosofia está se perdendo e, com ela, toda a minha razão de existência. Meu único conforto e fiel amiga é a música, que consegue me resgatar a humanidade em todos os momentos e em todas as circunstâncias. Sem ela, eu provavlemente já teria enlouquecido, ou virado uma máquina social, com mãos e pernas maiores que o cérebro e o coração.

Então, se ainda quer saber o verdadeiro motivo deste relato, trata-se de uma pequena tentativa de , em meio à selva da vida moderna, buscar um momento de fraternidade, de calor humano, de compreensão entre meus semelhantes e que, talvez, outros como eu por aí possam encontrar conforto e apoio nestas palavras e não se sentirem mais sozinhos neste vasto mundo. Isso me deixaria realmente feliz.

"Mundo mundo, vasto mundo...se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. Mundo, mundo, vasto mundo... mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer, mas esta lua... mas este conhaque... botam a gente comovidos como o diabo!" - Carlos Drummond de Andrade

Aqui me despeço, e agradeço a todos os meus interlocutores por compartilhar alguns minutos de suas vidas comigo.

Um grande abraço.


Jack Waters

2 comentários:

  1. Engraçado vc ter agradecido as pessoas que gastaram alguns minutos de suas vidas lendo esse blog, isso faz a gente ver que a vida ta passando... vlw ae té mais

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  2. http://pontodedicas.blogspot.com

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