sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Resenhas de Outubro

Depois de mais de um mês sem resenhas, outubro vem trazendo relíquias do passado. Neste mês, apresento um prato cheio para os amantes de ficção científica inteligente, romances cabeça e rock psicodélico. Sem mais delongas, vamos lá:


1. Filme: Planeta dos Macacos (1968)


Esqueçam tudo o que viram no remake de 2001. A versão original deste filme é muito mais profunda e instigante, que nos leva a refletir sobre a nossa condição humana.

A trama gira em torno de 3 astronautas que, ao chegarem em um planeta desconhecido e, a primeira vista, desabitado, decidem explorá-lo, descobrindo um novo mundo cheio de terrores, belezas e surpresas nem sempre agradáveis.

Além do visual magnífico, Planeta dos Macacos nos leva inevitavelmente a alguns dilemas filosóficos que revela, entre outras coisas, nossa própria hipocrisia como seres morais. Um verdadeiro soco no estômago, que com sorte, pode fazer-nos regurgitar alguns preconceitos.

Recomendadíssimo.

2. Livro: Contraponto


Aldous Huxley é, para mim, um dos autores dos séc. XX que mais se aproximam da essência do ser humano como ser social e passional. Neste sensacional romance, ele aborda, de um ponto de vista nada clichê e muito inteligente, relacionamentos decadentes, traições, mentiras e a preocupação diante da imagem social. Mostra como o amor aos poucos perde seu significado e passa a se tornar uma mera relação de interesses, um jogo de intrigas e falsidade.

O mais excepcional no estilo de Huxley está em suas descrições, que não apenas relatam friamente o que as personagens sentem e pensam, mas trazem à tona seus sentimentos mais profundos, mesmo que não sejam nada belos ou nobres. Aqueles que todos nós sentimos, mas poucos têm coragem de admitir e menos ainda de retratar.

Uma excelente pedida para quem está farto das histórias de amor melosas e superficiais que se encontram por aí em romances e músicas. Por tocar no cerne do ser humano, Contraponto é uma obra atemporal e obrigatória para quem aprecia o estilo.


3. Disco: Os Mutantes


Para estrear com grandiosidade uma resenha de uma banda nacional, não poderia falar de ninguém menos que os Mutantes, um dos mais importantes grupos de rock do Brasil de todos os tempos e que até hoje impressiona por sua qualidade musical. Surgida nos anos de chumbo da ditadura militar, os Mutantes vieram para escandalizar. Suas músicas cheias de experimentalismos são fascinantes e suas letras - a maioria com duplo sentido, para passarem despercebidas pela censura - bastante inteligentes.

Com uma proposta diferente dos padrões da época e altamente influenciados pelos Beatles, o trio - formado por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias - surpreendeu com a qualidade do seu rock psicodélico. A música de abertura deste primeiro disco - Panis et circenses - já é, por si só, uma bofetada na cara de uma sociedade conformista, que não se importa com a perda de sua liberdade, como se percebe no trecho:

Eu quis cantar minha canção iluminada de sol / soltei os panos sobre os mastros no ar / soltei os tigres e os leões nos quintais / mas as pessoas nas salas de jantar estão ocupadas em nascer e morrer.


A partir daí já se pode ter uma idéia do que virá pela frente. Interpretações geniais de outras músicas, como Baby, do Caetano Veloso e Minha Menina, de Jorge Ben também estão presentes. Enfim, um disco espetacular que vale a pena ser lembrado e ouvido novamente. Imperdível para qualquer fã de rock progressivo.


É isso aí pessoal, espero que gostem das sugestões. Mês que vem tem mais!

Abraços,

Jack Waters

Um comentário:

  1. Concordo contigo. O Planeta dos Macacos faz parte da minha lista especial de filmes para ver e rever. Realmente um soco no estomago com um final surpreendente e arrebatador. Não esquecendo que são 5 filmes, sendo este o mais impactante.
    E Mutantes....bem, dispensa apresentações. Genial!
    Kisses...kisses

    ResponderExcluir