
- Porque papai do céu quis, meu filho
- Por que o céu é azul, mãe?
- Porque papai do céu quis, meu filho
- Quem criou o mundo, mãe?
- Papai do céu, meu filho -
Como ele criou o mundo, mãe?
- Ora, como... criando!
- E quem criou papai do céu, mãe?
- Não pense nisso meu filho, papai do céu não gosta de meninos desobedientes!
- Tá bom mãe..."
Entramos agora na fase magnífica do "como?" e do "por quê?", que se inicia por volta dos 4 anos e geralmente significa uma grande dor de cabeça para os pais. Mas... por quê?
É sabido que muitas pessoas não param muito para refletir sobre as perguntas da vida e do cotidiano por motivos diversos.Algumas acreditam que possuem a resposta definitiva para todas as perguntas e, sendo assim, não precisam pensar muito a respeito.Outro motivo(que pode acabar levando ao 1º) é a questão da velocidade.
Vivemos hoje na era da super-informação, das cansativas jornadas de trabalho e do pouco tempo para dedicar-nos a nós mesmos e, consequentemente, à reflexões e divagações sobre nós e sobre o mundo.Vivemos cercados de dúvidas que não temos tempo para buscar respostas.É nesse ponto que entra o papel da Religião, tema da análise de hoje.
Você deve estar se perguntando "Que diabos tem a ver a religião com a velocidade?!". Calma, já vou explicar =]
Acompanhe esta linha de raciocínio: Uma pessoa que, como ja vimos na análise anterior, foi condicionada desde cedo, no lar, a não questionar muito e não buscar as respostas através de suas próprias experiências, que cresce cercada de dúvidas e agora não é mais uma questão de vontade de aprender, mas sim de tempo para tal (em outras palavras, agora ela, em meio a diversos compromissos e presa a horários, não tem mais tempo para pensar), como reagiria se alguém lhe apresentasse uma resposta simples para todas as perguntas?
E se tantas outras pessoas de seu meio também acreditam naquela resposta e fazem pressão direta ou indiretamente para ela aceitá-la? Qual seria a reação mais provável?
Ganhou um doce quem disse que essa pessoa provavelmente aceitou aquela resposta simples e que a poupa de pensar muito, mesmo sem comprovação alguma, nenhum testemunha e muitas contradições. Afinal, não precisa pensar muito sobre isso, você já tem a fé, e isso basta ;)

O que tudo isso tem a ver com as crianças? Simples. Se em um adulto de cabeça feita a religião pode determinar toda a sua crença e nortear suas atitudes, imagine na mente inocente de uma criança que,como já vimos, tende a acreditar em tudo que os mais velhos e "sábios" lhe dizem.
O círculo vicioso se forma dessa maneira: Os pais religiosos que não têm tempo, conhecimento e/ou paciência para explicar às crianças aquilo que elas questionam encontram uma solução rápida para os seus problemas: colocá-la em um meio religioso, para que assim aprenda a ter fé e ter a resposta pronta para tudo: "Porque Deus quis".
Nesse meio não são toleradas opiniões opostas nem certas dúvidas e a criança que já estava com medo de pensar acaba fechando ainda mais a sua mente por medo do "castigo eterno" do "bondoso" papai do céu e da repressão dos homens. Os ateus e todos os que não são cristãos conhecem bem o significado das palavras Intolerância religiosa. Mesmo depois de tantos anos desde o fim da Santa Inquisição parece que pouco mudamos...
Agora a criança começa a aprender "valores morais e sociais" de acordo com a visão de sua religião. Usarei como exemplo a religião cristã, que é a maioria em nosso país. Seja católica, evangélica, Opus Dei ou qualquer outra ramo do cristianismo, todas elas têm uma base em comum, os ensinamentos de Cristo e as palavras da Bíblia.
Aprende aí porque não se deve matar, roubar, estuprar, mentir, etc. o famoso "Deus castiga".
O medo de ser reprimido e castigado avança mais uma etapa...
Na próxima etapa, analisarei a vida escolar e a influência das amizades
Para finalizar, duas frases célebres:
"Se as pessoas são boas só por temerem um castigo ou almejarem uma recompensa, então somos um grupo realmente desprezível." - Einstein
"A religião é uma ótima ferramenta para manter as pessoas comuns quietas" - Napoleão Bonaparte
Postado por Jack Waters